Teorema do Desigual
Corolário nº1 – Saídas profissionais
De vidas mecanizadas,
Interpretações ensaiadas,
De fontes esgotadas,
Origens sem imagens,
Novamente sonhos e miragens.
Tira-se a palavra entoada,
Só resta a degradada.
(“De cabeça disforme,
A mecânica me consome.”)
Vai-se porque sim,
E porque o sim não nega o não.
Vidas estranguladas,
De prazeres em águas levadas,
Restam só diagonais quebradas.
(“Passo a asa por tudo.
Em nada mergulho.”)
Forças nulas,
Nada formulas.
Em sentido vai o rebanho do olho estanque,
E nada tem por que se encante,
Se não há senão a hipótese do constante.
“Eu vou aqui para tu ser,
Para igualar o que no desigual se entende.”
“Na vida fico e nela canso,
Porque no arriscar no novo dar,
Me degrado e a nada agrado.
Sou o que de Vida se diz
E nela não minto:
O que é,
Em sentido lato se é.”
“Sou orgânico e desigual,
Mais um encalhado
Na assimetria do copiado.
Vem comigo, oh Encalhado!”
“Assim, não me englobo,
Já nada me esforço.
Antes me embruteço,
Do princípio ao começo.”
“Sou aquilo que não limitem.
Se torturas emitem,
Nem se permite que gritem.
(Liberdades do ingénuo
Que ainda procura o que é belo).”
“Não sou entulho permissivo.
Do provir venho,
Nele me embrenho.
Se aqui arrisco,
Aqui desisto.”
“Se na vida vivo,
Nela me esquivo
Se nela me enleio,
Em nada creio.
No irrisório persisto,
A fábrica sempre teve seu imprevisto”.
“Na vida exaspero,
No que tenho enregelo.
Daquilo que entendo,
Definho no tempo.
Não sou inoxidável,
Nem me quero inalcançável”.
“Nada se quer de fatal,
Só e triste imortal.
Nem se sabe ao que se é leal,
Só se quer o universal”
“Não aguentas?
Não faz mal.
És só mais um desigual”.
Isa Marques, 12ºC
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