Escrevendo como Alberto Caeiro…




Olhando tempo da terra, verde vivo vejo rodeado em mim,
Do universo sinto brisa quente, que trespassa
Sol ao escaldar, e flor ao perfumar na sua fragrância
Sem enigma ou tese, que é simples e sóbrio
O meu olhar no horizonte, inocente e real,
De fruto eterno, exíguo e colossal, gozá-lo
Por isso, verdade facto da visão desejar apenas.

No meu corpo alojado ao fresco da erva baixa
Em comunhão à natureza do meu eu no campo,
Cercado sem mistérios das coisas,
Falam-se em tamanhos significados a desvendar
Tentados à filosofia permanente da prisão e ilusão,
E que por mais por ele procurem,
Encontrarão somente o ser objeto de mim natura.

Maior contemplação em sentidos únicos para perfeição, vejo,
Olhando com as mãos e vendo com nariz e boca,
Por isso, pensamentos são sentidos do ar, espontâneas
Que eu, estendido, escuto o chapinhar d’água corrente
Da assim natureza, ser sólida e erma, divina na realidade
Do cimo de monte, paz, sem gente doente no mundo pensar
Reiterando razão ignóbil, à luz presente a real existência.

E disto sou feliz, tranquilo e de mim intransmissível,
A natureza acordando e eu desperto, olhando…

Patrícia Guerreiro, 12.º H

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