Sentir a chuva...
Era uma manhã de inverno.
Sentia-se o frio ao caminhar pelas estradas daquela pequena aldeia. Seria a
última vez, pelo menos, desse ano. As nuvens estavam carregadinhas, mas não
chovia. Até aparecia o sol de vez em quando. Apesar disso, o passeio foi curto.
Partiria cedo, após a caminhada. Mas era necessário uma última recordação
daquele pequeno sítio que tanto aquece a alma. Viam-se as pessoas habituais a
caminho dos campos, de outros trabalhos e até mesmo para comprar o pão. Estava
tudo calmo, como sempre. Sentei-me num banco que se encontra debaixo das
árvores já sem folgas. Estas iriam renascer, verdes e lindíssimas, quando lá
voltasse. Olhava em volta, como a decorar tudo daquela manhã, os cheiros, as
pessoas, a paisagem, tudo. Começa, então, a chover. Regressei. Tinha de o
fazer. Parecia tudo tão triste, a chuva compreendia-me, acompanhou-me no
caminho, como se fosse a minha companheira. E era. Deixar aquele lugar
entristecia-me e as pingas que caíam percorriam a minha face como verdadeiras
lágrimas. Apesar de tudo, queria voltar a sentir tudo de novo, fechar os olhos
e sentir a chuva percorrer-me e perder-me nela.
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