Brevíssimo instante
O céu rebentou numa explosão de
cores diante dos meus olhos.
Atrás da montanha, conseguia ver
o sol, tímido, movendo-se lentamente para a visão dos observadores.
Tudo naquele lugar me lembrava de
como fora estar com ele e mostrar-lhe o meu sítio preferido pela primeira vez.
De como tínhamos caminhado até ao
topo da colina, tocando todas as flores pelo caminho e de como eu tinha pulado
para evitar todas as poças de água, deixadas pelos vestígios de inverno que
permaneciam no ar.
Partilhando segredos e memórias.
Lembrava-me de como a chuva
primaveril nos surpreendera e ele me carregara ao colo devido aos meus pés cansados e feridos.
Lembro-me de apreciar todos os
sons da natureza, os pequenos insetos, os pássaros, o vento a abanar suavemente as folhas das
árvores e de os apreciar, mas de nenhum som ultrapassar a beleza do seu riso.
Quando chegámos ao topo da
colina, o vento fresco despenteou-lhe os cabelos. Os seus caracóis negros
cobriram-lhe o rosto e ele riu novamente.
À nossa frente, o sol estava a
pôr-se, mas a beleza do acontecimento escapou-me, pois, para mim, não havia
nada que brilhasse mais que ele.
Clara Monteiro, 10.º L
Comentários
A tua escrita descritiva e atenta a simples pormenores como:« os sons da natureza , os pequenos insetos, os pássaros» ,é capaz de nos transmitir a tranquilidade apaziguadora da Natureza.
Ao lermos o teu texto , conseguimos entender o destaque que dás a esse rapaz ( o qual não sabemos o nome).
A beleza deste rapaz é muito superior e relevante quando comparada com as outras coisas belas do meio natural.
Ele tem o poder de fazer com que os outros elementos da Natureza pareçam ofuscados pelo seu extraordinário brilho.
Podemos entender que ele é, sem sombra de dúvidas, o verdadeiro protagonista deste curto momento guardado na memória da autora.
Mesmo no final do texto, vemos como o pôr do sol era insignificante ao lado da enorme beleza por ele irradiada.
Concluindo, este breve instante relatado pela autora revela-nos um sentimento singular de beleza, segurança e serenidade.
Catarina Quintas 10k n5
Ao longo do texto, são listadas inúmeras sensações visuais e auditivas, que descrevem não só a natureza, mas os sentimentos do sujeito pelo amado. Na minha opinião, este texto está muito bem escrito e realmente belo, tendo me cativado por entender tal sensação de saudade e lembrança. Através da escrita suave, podemos quase sentir o quão apaixonada estava, aquele sentimento em que, apesar de tudo à nossa volta ser absurdamente lindo, vamos continuar a olhar para quem gostamos, sendo que tudo o resto é ofuscado pela “luz” que parece vir dessa pessoa.
Este texto é assim uma reflexão de uma memória que, não importando quanto tempo passou, continua a estar presente e fresca na memória de quem a viveu, mostrando a sua importância e a da outra pessoa.
Catarina Duarte 10ºF Nº28