Do quotidiano...
- Por acaso,
não concordo nada com o que afirma, Dona Chica, não me parece que umas
pancaditas na madeira afastem qualquer tipo de situação problemática. Em
contrapartida, três vassouradas no espelho da casa de banho bastam para se
livrar desses maus agoiros que andam por aí. É que não tenha dúvidas! Este
processo é infalível!
- Olhe que não
sei, Dona Fernanda. Há cinco dias atrás, andava nervosíssima com a visita da
minha neta, que começara a andar há pouco. É que, como sabe, o piso de minha
casa está muito irregular, devido às tábuas de madeira velhas e sobrepostas e
eu estava cheia de medo que a miúda tropeçasse e partisse aquela cabecita
pequenina. Meu Deus, andava tão desassossegada… nem comia, veja bem! Foi por
isso mesmo que, no dia da visita, à última da hora, totalmente desesperada,
decidi recorrer a esse procedimento de prevenção que me recomenda. Lá fui eu
buscar a minha vassoura e dirigi-me à casa de banho. No final da terceira
vassourada, ouvi o som da campainha e o pânico dominou-me por completo. Era
agora! A minha primeira reação foi atirar com aquela coisa para um lado
qualquer e ir a correr abrir a porta. Não é que, com tudo isto, não só se
partiu o espelho, que levou com a vassoura em cima, mas também a cabeça da
miúda que, tal como eu temia, tropeçou assim que entrou em casa?! Olhe, nem lhe
digo, foi uma desgraça!
O cacarejar
das duas senhoras acompanhava distantemente os pensamentos de Luísa que, com os
seus quatro anos alegremente vividos, brincava no parque.
Sara Robert, 10.º K
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