Digressões

Costumo pensar em dias nostálgicos, no antes. Costumo pensar no
passado, na minha vida antes de hoje e, no dia de hoje, antes de amanhã.
Costumo pensar em como tudo muda de um dia para o outro, em como
tudo muda com o tempo, em como tudo se modifica num único instante.
Sinto saudades de tanta coisa, sinto saudades de tantos
sentimentos, tantas coisas que vi, tantos abraços que recebi… sinto
saudades de coisas banais como um aperto de mão; coisas simples são as
que fazem mais diferença nos momentos difíceis, momentos simples são
os que nos lembramos com mais paixão, com mais amor, com mais
coração, momentos simples são os que ficam para sempre na memória.

Num dia de sol, lembro-me eu, claramente, vinhamos os dois, de
mão dada, felizes. Calados estávamos, e calados continuámos. O silêncio
falava por nós, o silêncio fazia sobressair, naquele momento o silêncio
valia por mil palavras. Na despedida, um olhar bastou, um olhar profundo
e brilhante bastou. Aquele simples olhar, aquele simples brilho que para
sempre ficou. Naquele momento sentia-me como uma estrela, se pudesse
brilhar de felicidade, eu brilhava para todo o universo ver. Momentos
como estes ficam para sempre, mesmo quando tudo acaba, estes
momentos ficam e por isso é que custa tanto, porque relembramos as
coisas boas, relembramos as coisas simples, relembramos tudo o que
vivemos, juntos.

Tudo acaba, tudo tem um fim, até a mais perfeita história de amor
tem um ponto final, mas o que está no coração, o que está na memória,
isso nunca muda, isso é eterno. A minha vivência é pouca, mas é lembrada,
lembrada de momentos simples, lembrada de momentos inesquecíveis,
lembrada pelo coração. Perguntam-me se sou feliz e eu respondo que sim
porque como digo sempre: Sou feliz na minha infelicidade, porque se
estou infeliz agora é porque já fui feliz e o que me fez feliz está no meu
coração, por isso, sempre que estou infeliz, estou feliz, porque a felicidade
é algo que só se tem, quando a infelicidade existe.


Joana Viana, 10.º P