Antíteses
Sabes quando olhas para ela, mas ela desvia o
olhar? Quando tentas vê-la, mas ela não está ali, ela esconde-se, ela não
deixa. E, então, tudo se baseia no que podia ser e que não é, naquilo que está
à superfície. Mas cativa não saber o que ali vive e viver dessa carência. E
procuras sempre mais, procuras saber o que é, o que se passa, o que há para
saber e que, para este lado, não passa.
Algo que seja importante e superior a tudo o
que seja transmissível e que não está aceso na sua consciência, porque é isso
que a apaga todos os dias.
Tu consegues ver no olhar dela, mesmo que ela
o desvie, mesmo que não dê para ver nada. Dá para sentir que não trespassa, que
não se faz compreender. E tu entendes que vives essa antítese que tu nem
imaginas que existe. E que não lhe passa pela cabeça! (Aquela que ela move, mas
que a própria sente que está imóvel de pensamentos ricos.)
Não consegues receber o que ela te dá, ela que
flua e tu que a deixes fluir. Mas tu não paras de olhar! Apenas te concentras
no olhar e no que está por detrás dele. O espaço que pensas estar vazio, tu
sabes, e bem, que cheio, tu não pensas que está.
Errado ou certo? Não sabes, porque, a partir
do momento em que ela desvia o olhar, quando a olhas, perdes toda a vitória
existente na sua pessoa. E daí o vazio.
Mas será porque ela não quer e porque esconde
o que não pode estar à vista? Ou porque o teu olhar a endoidece e sustenta a
insustentabilidade?
Olhos e olhares e tu só queres descodificar o
dela.
Ana
Varela, 10.º K
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