Missiva
Querida
Música,
Sinto muito a tua falta. Há já uma
semana que desapareceste enigmaticamente e eu estou desesperado, perdido. Acho
que a pior parte é mesmo o facto de, aparentemente, eu ser o único a lembrar-me
da tua inexistência. Sim, os outros esqueceram-se! Não sei o que aconteceu, mas
a palavra “música” e tudo o que está com ela relacionado foi-lhes
inexoravelmente apagado da memória. Eu bem tento explicar-lhes o que eras, o
que fazias sentir, mas, quanto mais penso, mais reconheço a tua complexidade e
mais me parece vão tentar reduzir-te a meras palavras. Esforço-me para lhes
descrever aquela sensação singular de quando te ouvia muito alto, tão alto que
nada mais existia para além de nós dois. O meu corpo deixava-se ser totalmente
possuído por ti, o meu coração sorria de tal forma que a única maneira de
evitar que ele explodisse parecia ser cantar com todas as minhas forças,
berrar-te a ti e à tua imensa energia para fora de mim, transbordar de emoção!
Porém, eram raras as vezes em que chegava a fazê-lo. Uma súbita paragem de
respiração impedia-me, tirava-
-me a voz, sugava-ma, aliás, e eu era abruptamente invadido por uma inexplicável vontade de chorar. Tanta comoção não cabia num pequeno e frágil corpo como o meu. Ah, que saudades tenho desse sentimento inigualável, mágico, que despertavas em mim… O que aconteceu? Para onde foste? Volta, imploro-te. Não sei o que fazer sem ti.
-me a voz, sugava-ma, aliás, e eu era abruptamente invadido por uma inexplicável vontade de chorar. Tanta comoção não cabia num pequeno e frágil corpo como o meu. Ah, que saudades tenho desse sentimento inigualável, mágico, que despertavas em mim… O que aconteceu? Para onde foste? Volta, imploro-te. Não sei o que fazer sem ti.
Sempre teu,
Pedro
Sara Robert , 10.º
K
Comentários
Não acredito que alguma vez o mundo conseguisse viver sem música, porque no fim tudo é música, desde o simples som das ondas do mar ou das folhas ao vento até ao cantar de um jovem melro no parapeito da janela, por vezes estamos tão imersos na nossa vida, nos nossos problemas que não ouvimos estes simples sons da natureza.
Ria nº22 10ºL
Tudo é música, desde o simples som das ondas do mar ou das folhas que são levadas pelo vento, do cantar de um jovem melro no parapeito da janela, do inocente riso de um bebé até ao forte som de um concerto de rock.
É um texto muito original.
Ria nº22 10ºL