Encontros
Numa rua há um café em conjunto com diversos outros estabelecimentos. Estes são
lojas, outros cafés, restaurantes, mais uma igreja ao fundo da rua. Um rapaz e
uma rapariga encontram-se nesse café inesperadamente. Eles já se conheciam e
até falavam, mas isto não tinha sido planeado. Ele tinha
acabado de visitar a igreja. Fazia isto de vez em quando, porque suscitava-lhe
algo que não sabia ao certo o quê, alguma curiosidade. Bebia um copo de água,
como sempre. Ela estava com uns amigos antes de se despedir deles e passar pelo
café, e até apareceu um certo alívio, porque com aqueles amigos acreditava numa
maior necessidade em agradar-lhes. Com a pessoa que acabara de encontrar nem
tanto, provavelmente porque não passavam tanto tempo um com o outro em
comparação a alguns outros amigos. Ele também tinha uma noção de uma pressão,
mas tinham uma vida mais calma do que acreditavam, às vezes, segundo ele.
Levantaram-se e fizeram caminho. Aonde iam não tinham a certeza. Iam
conversando como fizeram normalmente. Chegaram à questão dos amigos e trocaram
as suas ideias. Os sinos anunciavam as cinco horas. Ele gostava do som que
vibrava nos seus ouvidos, lembrava-lhe o calor de uma vela. Ela continuou a
mencionar os amigos dela à medida que as nuvens seguiam os seus caminhos em paralelo
com os deles. Associou as pessoas que conhecia às nuvens num pensamento que lhe
correu na cabeça. Apareciam e desvaneciam, por vezes sem se dar conta. Portas a
abrirem-se e a fecharem-se. “Bons dias” e “até mais logos” a serem proferidos
pelas pessoas. Os pássaros a piar. A pressão que por vezes temia tornou-se
irrelevante, pelo menos por agora, e ele podia dizer o mesmo. Os dois
percebiam-no, seja o que isso for. Quando falavam, falavam bem e iam-se
conhecendo progressivamente. Gostava disso, possivelmente. O outro também.
Ela teve a ideia de irem ao parque. Ele concordou. Os carros criavam uma
sinfonia terrível na estrada em união com o ladrar dos cães. Quando chegaram,
já dava para entender que o Sol ia começar a pôr-se em poucas horas, mas ainda
dava para perceber o verde da relva e das árvores. Entretanto ele decide
dizer-lhe uma ideia que já vinha na sua cabeça já há algum tempo. Ela deu a sua
resposta. Andam mais um bocado e ela chuta umas pedras enquanto isso. Daca para
ouvir um grupo de amigos que pareciam desfrutar do que faziam. Encontraram uma
série de bancos e escolheram um deles para se sentarem. Havia outras pessoas
sentadas em alguns dos outros bancos. Passados uns minutos, perguntou-lhe:
- O que sentes?
- Não sei ao certo, mas não o costumo sentir.
Ficaram a observar as folhas a balançarem ao vento. Cada uma no seu ritmo, umas
vezes calmo, noutras mais agitado, mas sempre num balanço quase eterno.
Eventualmente, cada uma ia caindo do seu ramo. Mas essa dança, por mais simples
e curta que fossem deu a ambos um motivo para ficarem lá e aproveitarem o tempo
que tinham. Despediram-se e então cada um perguntou a si mesmo qual seria a
próxima vez que se iriam ver. Não sabem, mas talvez aconteça.
Joaquim Queiroz, 11.º F
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