Um dia serei
Um dia serei tão grande como as
montanhas, belo como as flores, livre como o vento e terei a coragem de mudar
como as nuvens num céu de quinhentos azuis...
Talvez ser grande ajude a perceber
como ver o mundo, apreciar o que falta numa perspetiva alta e plana, o ser mais
próximo da luz do dia ajuda a perceber o tempo que tenho de amar a manhã e a
tarde. Ser grande como as montanhas é ser alto na emoção, nos dias, nas horas, lembrar-me
de olhar daquele ponto lá alto e longe que une e abraça todas as coisas e
recordar que existe vida de baixo das nuvens que acolhem as memórias. O desejo
de ser grande, para entender como cresci e ver de longe a vida a criar-se, perceber
como é ter uma perspetiva maior de crescer para o bem, para o sucesso para ser
feliz por ser quem sou, poder amar o mais pequeno por ser grande.
Se fosse belo, de alguma maneira, aceitaria
melhor quem sou. Ser belo como as rosas, mas não ter medo de ter picos, de sentir
dor de acumular o mal, de não ser perfeito. Tão belo como as hortênsias, com pétalas
delicadas e coloridas, sem receio de se amachucarem, de crescer...agarrar-me ao
único pensamento que faz a flor bonita que acaba por ser a razão de murchar na
verdadeira beleza. A raiz, as sementes, as pétalas secas, o adormecer da flor,
o medo de perder a cor das pétalas, o medo de crescer para o pior carácter e de
esquecer que cada flor tem o seu efeito de envelhecer. Se calhar se fosse belo,
aceitaria melhor a minha evolução.
E só
então, talvez fosse livre e tivesse, finalmente, a coragem da agradecer toda
esta transformação.
Constança Esmeriz, 11.º F
Comentários
Gostámos bastante do teu texto, é belo e inspirador, faz-nos pensar no crescer e no aperfeiçoamento pessoal, a sermos a nossa melhor versão. O teu texto explora a oposição entre a ambição de crescer e o medo de sentir e mudar.
Deveras tocante