“Expectation is the root of all heartache”




Por vezes pergunto-me como é que as pessoas conseguem não desistir. Não baixar os braços e virar as costas.



Depois, tento convencer-me de que o fazem porque querem ser o melhor possível, porque não se contentam com nada sem ser o melhor para si mesmas.



Mas imaginemos esta situação: colocamos alguém, jovem e apto, numa espécie de prisão perpétua, com acesso a todo o tipo de livros, instrumentos musicais e equipamentos desportivos, tal como a um sem número de possibilidades de diversão, como jogos, montanhas russas e filmes. A única instrução dada a esse jovem seria que devia aprender e ser o melhor possível. Agora, introduzimos uma variável: ignorando a necessidade humana de contacto com outros e o exterior, essa pessoa era visitada apenas uma vez por ano por um instrutor, que avaliava os seus conhecimentos nas mais variadas áreas. Ora, esse instrutor seria a única pessoa com quem o jovem teria contacto e, de acordo com o padrão de comportamento humano, ele tentaria, provavelmente impressioná-lo. Por isso, essa pessoa aprenderia muito durante o ano, leria Darwin e Platão, tocaria Beethoven, passaria tardes no ginásio. Imaginemos, seguidamente, que, num qualquer ano, o nosso jovem se sente desanimado, tem um problema de saúde, ou fica concentrado num jogo de computador, acabando por não aprender nem evoluir muito durante esse ano. Podemos facilmente deduzir que, quando o instrutor o visitasse e verificasse que este não tinha aprendido nada, ficaria desapontado, porque esperava o costume do nosso jovem. Não tenho quaisquer dúvidas de que, no ano seguinte, o jovem teria aprendido a tocar lindamente um novo instrumento, dominaria uma nova língua e conseguiria acabar o circuito de golfe com menos três tacadas.



E é esta minha certeza que me leva à segunda hipótese. Imaginemos, agora, que o jovem era deixado absolutamente isolado (pronto, podemos dar-lhe um cão para ele não estar sozinho para sempre. Talvez um Beagle.). Sem supervisão, sem instrutores. Em suma, sem ninguém para impressionar. E aí é que está a questão. Sem ninguém para impressionar, sem ninguém que esperasse algo dele, quais é que seriam as
escolhas do nosso jovem? Preferiria ele ler sobre a história de países que nunca iria conhecer e guerras que não o afetariam, ou sobre planetas imaginários e temas fantásticos? Preferiria ele levantar pesos ou jogar o seu jogo favorito e comer pizza? Preferiria ele ter conhecimento sobre animais extintos (ou aquáticos ou voadores) que nunca veria, ou brincar com o seu pequeno Beagle, o único animal que conhece?



Esta é a minha pergunta.

Mas como esta é uma experiência louca e impossível, nunca hei de saber.



Nós fazemos o que fazemos, aprendemos e descobrimos, estudamos e esforçamo-nos, porque queremos ser realmente bons por nós próprios, ou porque alguém espera que nós o façamos? Será porque, se não o fizermos, sabemos que vai haver um professor, um pai, um filho, um patrão, um amigo, (ou todos eles!) que vai ficar desapontado? Será porque, se não o fizermos, alguém nos dirá “esperava mais de ti”?



Seria o mundo um lugar melhor sem expetativas? Se as pessoas não esperassem nada de nós, se numa ficassem desapontadas nem surpreendidas connosco, se nós apenas estivéssemos bem ou mal num determinado instante e isso não interferisse com as nossas ações futuras? Seríamos nós melhores? Ou seríamos piores?



Gostava de saber.

Gostava de experimentar um novo começo a cada passo.

Gostava, mas será que, para além de ficar feliz por ninguém se lembrar que eu tinha falhado, também suportaria o facto de ninguém se lembrar que vencera?



Joana Coelho, 11.º D

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