Lado a lado com Cesário Verde
Sexta-Feira
Vai-se de passo em passo,
Os primeiros de companhia fiel,
Naturais na repetição do acto,
Já num tom de conversa inato.
Espero ver na volta
O que só de esguelha vi na ida.
Mas, como sempre,
Quem anseia desespera.
E na ânsia fiquei.
E nesta, de olhares repetidos,
Só os daqueles que na sua tacanhez,
Quando chega a nossa vez,
Nada mais do que piropos soltam.
De burguesias papais,
Já estou farta!
Disfarça-se com o riso,
De desagrados cobertos
Sonhos imersos.
Enfados? Imensos!
Mas bandeirinhas,
E suas despropositadas frases,
Não tiram da mente do caminhante
O que é para ele errante.
Ateu, católico, protestante?!
Não serei eu só figurante?
Finda-se a divagação,
E fica assim a dúvida,
Se foi o «Pai» que tudo aquilo ensinou.
Quem foi afinal que Ele «emendou»?
E engana-se a mente.
E imagino que noutra coisa penso.
A Carolina ao meu lado
Não desmente,
Não há pano para a conversa que não rende.
E vai-se de crises mundiais
Às colossais desavenças,
Como quem, na cabeça,
Nada tem de acordo com o que a gente pensa.
Noutros tempos Cesário
Não mais se perderia em contemplos.
Seria para ele tormento
Ver o populacho,
Que ainda se não dá ao sofrimento?
Oh, que desalento!
E aqui a conversa finda.
O som é outro.
Relembrar-se daquela pessoa
Que música dispensa.
Exagera-se a contrariedade,
Nesta que é mais uma oportunidade,
Quando se pensa que compensa,
Facas espetar,
Ao mínimo sinal de ambiguidade.
Mais interesse dou eu à minha espontaneidade!
De comboio parto.
De comboio vou.
O Hemingway diz-me por quem os sinos dobram outra vez.
O Ian Curtis diz-me que ela perdeu o controlo
É mais uma vida que se desfez.
Aqui estive.
Agora me vou.
Não se deixa escapar um segundo.
Já nem sequer me pergunto,
Por que caminho vai o mundo!,
Não se vá a imaginação de vez!
Isa Marques, 11ºE, Escola Secundária de Camões
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