Mãe


Oh!, meu Deus, como é possível que a minha mãe não me compreenda. Acabei de dizer-lhe que perdi a nova pulseira, que me dera, e ela pergunta-me onde a deixei?! Se a perdi, como posso saber o seu paradeiro? Por favor, Mãe!
Mãe. Mãe. Uma palavra tão pequena, com apenas três letras, tão fácil de dizer, porém com tanto peso e importância. Eu sei que não sou a melhor filha do mundo, pois, às vezes, aborreço-me por nada ou acho-a extremamente chata. Mas não vivo sem ela. Lembro-me tão bem, de um dia estar em casa sozinha e de estar cheia de dores de cabeça, com vómitos e, sem mais nem menos, deparo-me a gritar ”Mãe, por favor ajuda-me”. Eu sabia que ela não estava em casa, sabia, racionalmente, que ela estava longe, a trabalhar, mas todavia acreditava que ela me pudesse ouvir. Não sei como, mas, no fundo, tinha quase, quase, a certeza que ela iria ouvir o meu chamamento e apareceria no minuto seguinte. Como é lógico, ela não chegou naquele momento esperado. Isto é uma prova de que, quando estamos aflitos, a primeira pessoa por quem chamamos é a Nossa Mãe. Já diz o povo, que os que verdadeiramente amamos são aqueles com quem contamos nos momentos difíceis.
Não me vejo sozinha, e tenho a certeza que não sei o que é não ter mãe. Aquelas crianças, rapazes e raparigas, que nascem órfãs ou são abandonadas e não têm a oportunidade de chorar, de adormecer, no colo quente e meigo da nossa mãe, de ter uma mãe ali ao lado. Imagino que seja mais doloroso, ao verem as mães dos seus colegas a irem levá-los e buscá-los à escola, ou a enviarem-lhe bolos caseiros para o lanche. E eles a dirigirem-se para a dolorosa e fria instituição, onde todos lutam pela mesma cama, pela mesma comida. Eu sei que, por vezes, não somos dignos das nossas mães, visto que respondemos-lhes mal, fazemo-las chorar, mas não é de propósito ou pelo menos não é nossa intenção.
Por vezes, encontro-me a pensar, se, por algum incidente infeliz, a minha mãe morresse. Só de pensar vêm-me as lágrimas aos olhos. Seria tão penoso, como ter o Sol a um metro de distância de mim. Tenho a certeza que o mundo acabaria para mim. Ao entrar em casa e sentir o cheiro do seu perfume misturado com o seu cheiro natural, e não a encontrar em lado algum. Não sentir nunca mais o gosto do seu arroz-doce ou do maravilhoso arroz de marisco, permanecendo-me para sempre na memória. Meu Deus, não sei como seria. Recordo-me, como tivesse sido ontem, a primeira noite que dormi fora de casa, foi tão mau, que desejei que a noite começasse e terminasse no mesmo segundo. Não me recordo de ter fechado os olhos, mas devo ter adormecido devido ao cansaço do choro, ao inchaço que sentia por cima dos olhos e por não ter, de certeza, uma única gota de lágrima. Não sei se este laço gigantesco, transparente com os olhos abertos, mas vermelho vivo com os olhos fechados, com a minha Mãe, foi formado por ela me ter mantido, dentro dela durante nove meses, ou por ter sido a primeira pessoa que fixei na minha consciência. Fico espantada, com o facto de crianças, com meses, distinguirem, entre tantas pessoas, a sua mãe.
Concluindo, podemos perder um amigo, uma pulseira, um namorado, mas nunca perderemos a NOSSA MÃE, pois esta é parte infinita de nós.

Verónica Fernandes, 11ºE, Escola Secundária de Camões

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