Praia Lusitana



Ao longo de toda a história da literatura portuguesa, o mar tem tido uma presença ativa e constante no quotidiano da inspiração desta “praia Lusitana”.

Na minha opinião, esta insana obsessão que nutro em mim pela maravilha daquelas ondas vibrantes e imponentes, será então apenas um reflexo de uma alma tão lusitana.

Senão, que outra das maravilhas do mundo traduziria de modo semelhante a paixão destes descendentes de Camões?

O ar que nos envolve faz isso mesmo, envolve-nos. E dá-nos o dom que denominamos tão comummente de vida, e tem a capacidade de exprimir emoções de cariz altamente temperamental das personalidades deste canto do mundo, aqui plantado à beira-mar. Mas não, não se me assemelha que sejam os ares, calmos e mansos ou tempestuosos e perigosos, que definam o ser por quem o é.

O fogo é bravo, e a chama imensa que nos aquece no interior, o perfeito reflexo das paixões que nos lideram e que fazem uma parte tão intensa das nossas existências. Mas uma chama forte é insuportável, e uma chama calma é um fogo fraco.

Que nos sobraria então, sendo a Terra a calma absoluta, de que ninguém duvida, mesmo quando revela, de tempo a tempo, a sua rebelião? Quando a verdura perece e dá lugar à fraqueza assim que o calor é demasiado para suportar ou o frio queima a frescura das sensações de paz.

Sobra se não uma coisa. Um elemento que se aprova como sendo, de todas as formas possíveis, o mais perfeito e característico espelho da alma e das suas paixões, da sua violência aquando a mágoa, da calma passiva do contentamento, da precoce instabilidade das relações que se tecem.

Porque um mar calmo é um mar passivo, um mar de possibilidades em que a alma navega contente, simplesmente à procura do dia em que brilhará sem receios.

E um mar temperamental e amedrontador é um mar de almas agitadas, que gritam em agonia para sem libertarem das mágoas de uma vida. Para que um dia essa vida possa voltar a ser a vida de mares mansos.

Rita Catarina Ramos Amador, 11.ºE

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