Chuva



Corro, apressado, à chuva,

Fujo, com receio de me molhar

Escorrem-me gotas pela face,

Esforço-me para as afastar.

Então caem as gotas no chão

Fim de um ciclo, seria o razoável.

Mas com algo tão sábio como a água

Só podemos esperar o inesperável.

Segue a gota pela rua,

Mais rápida que eu, que corro atrapalhado,

Vê-me cair no chão, mas continua,

Tento-me levantar, já de momento estou molhado.

A gota continua em frente,

Já fez aquele caminho, não é a primeira tentativa,

Embora a paisagem tenha mudado, para pior,

As árvores mudaram para carros, os humanos mudaram a vida.

Passadas as cidades e os montes,

Chega à próxima paragem, o oceano,

Mas já nem ele está como antes,

Foi poluído, pelo ser humano.

Mas nem aqui acaba o seu rumo,

Pois, no fundo, não tem fim.

Já passou por todos os cantos do mundo:

Navegou entre os mais belos olivais

Esteve no oceano, que outrora era mais estável

Viveu com civilizações ancestrais

E poderá continuar, se a deixarem ser saudável

Se não lhe interromperem o caminho,

E a deixarem fluir livremente, não poluída

Pois só assim poderá sobreviver

E ouvir-me dizer, quando me cai no nariz:

“Porcaria, não para de chover.”

Rui Agostinho, 11.ºD

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