Desabafos - A beleza natural das coisas



Por vezes, ponho-me a pensar porque raio serei tão sentimentalista e sensível às pequenas coisas. Nunca cheguei a uma conclusão. Acho que estas coisas já nos vêm predestinadas, como a cor do cabelo ou a altura. Tal como o pescador está para o mar, assim eu estou, para os sentimentos. É naturalmente visível a beleza que a vida tem, clichés à parte, qualquer pequena coisa admite proporções extraordinárias ao olhar de um Homem atento e sensível.  A sabedoria da Natureza é contagiante, e a sua vivência viciante para espectadores desta constelação harmoniosa de coisas.
 As coisas em si tendem a ser fascinantes quando são naturais. Ainda no outro dia, estando sentado, olhei de relance para a Luz. Essa Luz tardia mas presente, reconfortante, prazerosa e familiar, que sempre que me enfrenta, são arrancadas meia dúzia de lágrimas do meu olho direito. Não percebo. A luz entra. Olha-me nos olhos. Invade-me. Os sentidos incham. Sinto um aperto na garganta. Um vácuo de sentimentos. Lágrimas. Tristeza. Alegria. Saudade. Saudade, palavra tão portuguesa, que reflete tão bem a combinação de tristeza com esperança, que se calhar, resume todas as nossas
epifanias sentimentais mediáticas a um só, nostalgia no passado, pujança no presente e fé no futuro.
 Trindade, que explica a beleza natural das coisas e que nos deixa sentir saudades da vida, enquanto vida.


Gonçalo Dias, 11.º F

Comentários

Anónimo disse…
Na minha opinião o texto está muito bem construído e que bastantes pessoas se podem identificar com ele, incluindo eu mesma.
Penso que não há nada de errado com ser sentimentalista. Claro que por vezes pode ser difícil de lidar com isso e até de mostrar às outras pessoas, mas até acho que é um dom. Ter este lado sensível a tudo o que nos rodeia é um dom e é algo que devemos utilizar e aproveitar.

Joana

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