Intenção
Hoje acordaste com o intuito de viver.
Foi
só mais um dia.
Levantaste-te
da cama porque o dever assim o ordenou, olhaste a claridade anunciada pelo
amanhecer e tiveste vontade de fechar os olhos e continuar a sonhar. Pegaste no
telemóvel, não havia sinal de chamadas perdidas ou
mensagens achadas. As redes sociais estavam calmas, não
estivesse o sol a raiar. Estava na hora de despertar. Escolheste uma t-shirt,
umas calças quaisquer e uns ténis adotados pela indiferença.
A toalha só não
ficou perdida pelo chão não
fosse a tua mãe tropeçar nela. Pequeno almoçaste
à pressa. Olhaste o vazio e
lembraste-te da tua lista de afazeres. Solucionaste tudo numa tarde. Finalmente
estavas livre! Pensaste no que fazer de seguida, uma ida ao ginásio
ou estudar uma matéria mais desinteressante. Optaste pelo estudo seguido de
uma aula de body pump. Definitivamente aquilo não
era para ti.
Entraste
no autocarro, olhaste o relógio e o ponteiro das horas marcava o
número
7. Estavas pronta para jantar à mesa, em família, falar das banalidades do
costume, ouvir as conversas desinteressantes dos adultos responsáveis
e tentar não discutir com o teu irmão
que teima em sentar-se quase sempre no teu lugar predileto.
Às
tantas, o dia já estava
a acabar e tu com alguma pressa de atualizar o sono. Deitaste-te, mas nesse dia
as insónias fizeram-te uma visita. Deu-te para filosofar, depois
para digerir o acontecimento X do dia Y e ainda houve tempo para idealizar uma
viagem a um destino paradisíaco.
Ao
que parecia, amanhã era
outro dia e havia pressa de lá chegar, não tivesse sido, o dia de hoje, tão
empolgante.
Então,
fechaste os olhos e rezaste para que o som do despertador não
fosse muito estridente no dia seguinte.
Mas
lembras-te? Hoje tinhas acordado com o intuito de viver.
Filipa Viegas, 12.º J
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