Cortes de papel


 


O rapaz da periferia

sonha voar,

um dia.

Escreve textos com poesia,

atafulhado em burocracia,

traz prá cidade maresia,

é acusado de heresia,

e em ganhos perder se queria.

Fizeste um corte de papel,

com uma folha dum livro ilustre,

abriu-te uma fenda para a inspiração,

forçou-te a porta da imaginação,

e embora dissesses que não, o teu passado tecia a razão.

O sonho enchia-te o coração,

planificavas um avião,

para escapares desse nada, pelo portão.

Queres planar pelo céu,

vazio de amor,

deixar de ser réu,

soltas um clamor,

declaras-te a alguém,

que nem sabes se existe,

procuras aquilo que jamais na vida viste.

Acreditas em algo,

que já está extinto,

prezas aquilo que não há, não minto!

Oh, rapaz da periferia!

Se ao menos tivesses nascido na Capital!

Serias muito mais do que um mero artifício!

 

Fiz um corte de papel,

com uma página duma memória de há anos,

que me trouxe até ti,

e deixei de estar tão enlevado,

porque até então nem via nada,

tudo passava pela estrada,

e ficava inalterado.

 

Pedro Gomes, 11.º G 

Comentários

Anónimo disse…
Bastante rico em vocabulário, muito bem estruturado e muito trabalhado, bastante agradável de ler. E um poema que nos mete a pensar nos problemas da vida.

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