Arte




Arte é uma paixão minha, uma das maiores. E com essa paixão surgiu naturalmente a questão de o que é que é realmente a arte? Com diversas perspetivas e opiniões que se diferenciam umas das outras, considero impossível aplicar à arte a objetividade que se encontra na ciência. E com este texto tenciono apresentar a minha perspetiva.



Para começar, digo que é crucial entender que a arte reflete o tempo em que é praticada. E com isso também se deve entender que nós, enquanto espécie, alteramos os nossos costumes e ideias. Entre esses, muitos conceitos se modificam e apresentam definições diferentes ao longo da História, sendo a arte precisamente um deles. Daí quero exprimir que, tal como não se compara diretamente as qualidades de uma obra barroca de uma romântica, não considero justo avaliar obras de arte contemporâneas com princípios pertencentes a outras épocas. Assim, eu pretendo apresentar uma possibilidade de classificar fielmente arte tendo em conta o tempo em que vivemos.



Em seguida, rejeito a definição de arte enquanto exercício técnico. Tenho a impressão que muitos dos que classificam arte desta maneira utilizam os princípios da representação no Renascimento. Defendem a capacidade do artista retratar com detalhe e precisão os elementos. Acusam artistas como Picasso ou Pollock por não “apresentarem esforço” ou por “não serem agradáveis” ou “espantosos” visto que “não são precisos”. De facto, Da Vinci e Michelangelo foram grandes artistas, mas mais porque são os expoentes máximos dos seus tempos e menos pelo facto facto de que a arte permaneceu imutável desde então. Isto leva-me a não acreditar que a arte é um exercício intelectual de estética. Acredito também que a arte não é puramente um exercício intelectual no sentido em que é a difusão direta de ideias. Tenho dificuldade em conectar-me com obras desta natureza pois talvez não se diferenciem da expressão oral e pública.



Sugiro então que uma obra se aproxima de uma qualidade mais especial quando surge da expressão individual do artista, das suas emoções e até ideias, e consequentemente serem aplicadas e transformadas pela técnica. O artista vê o seu conceito original que tencionava exprimir a ser transformado à medida que aplica a sua técnica, dando origem a novos possíveis conceitos e a uma outra forma de expressão criativa. Tanto Van Gogh como Manet sentiam uma conexão com a Natureza, mas é como pintam essa conexão que torna as obras de ambos únicas. Esta qualidade é mais observável nos artistas que apresentam um estilo pessoal e constante ao longo da sua obra, o que os distingue. Estes artistas são então definidos como humanos que encontram a arte como um meio de exprimirem emocionalmente as suas perspetivas únicas do mundo. Agora surge o momento em que a peça é exibida e experienciada por outros. Aqui encontro outro aspeto relevante: o do espectador encontrar-se a si mesmo na obra através do estilo subjetivo (por si suscitador de ideias e conceitos) da parte do artista. O olhar subjetivo do espectador é então autorizado a florescer e este agora tem a capacidade de sentir emocionalmente o que o artista lhe revela e como o faz. É então aqui que se dá uma confrontação entre o indivíduo e as suas emoções, levando-o a ponderar a sua experiência emocional e suscitando uma transformação interior, de certa forma espelhando o processo de descoberta que o artista teve enquanto criava.



Em suma, no tempo atual em que a arte se aproxima progressivamente da comercialização, defendo a ideia de expressão individual e honesta na mesma. O realizador Jean Renoir afirmou que a arte “é uma conversa entre o artista e o espectador”. É a apresentação de diferentes formas de sentir o mundo e a união de uma pessoa com o mesmo. Não sinto este poder em arte cujo objetivo é agradar esteticamente ou manifestar quase friamente uma ideia. No entanto, este tempo também tornou esta possibilidade num conceito mais aberto, e com ela conseguimos o poder de nos levar mais próximos à essência de quem realmente somos. 


Joaquim Queiroz, 11.º F

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