Consome-me





Se é a isto que tudo se resume
Uma onda que me arrasta para alto mar
Da qual escapar-me é intolerável
Qual vaga que espelha o teu maravilhoso olhar
Qual força que me torna impenetrável
Se é a isto que tudo se resume
Afoga-me…

Se é isto tudo o que me resta
Esta irrevogável falta de ar
Sem que a satisfaça qualquer rajada
Qual impiedoso vento de assolar
Qual alma forçosamente desajustada
Se é isto tudo o que me resta
Afoga-me,
Sufoca-me…

Se é a isto que me torno devoto
Uma viagem por tempo e espaço
Sem perigo ou calma contemplação
Qual penoso retrato de um amor escasso
Qual espírito pacato forçado à revolução
Se é a isto que me torno devoto
Afoga-me,
Sufoca-me,
Leva-me…

Se é a isto que tudo se resume
Este fogo que lentamente me definha
A que o corpo suplica por mais chama
Qual inconsiderado ardor que me preenche e acarinha
Qual presa que o próprio predador ama
Se é a isto que tudo se resume
Afoga-me,
Sufoca-me,
Leva-me,
Consome-me…

Rita Catarina Ramos Amador, 10ºE

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