A Insustentável Leveza do Crime (citando homens)




 A nossa predisposição, precariamente intuitiva, para o crime, é um facto inegável na consciência humana. O crime, desde cedo, caminhou lado a a lado com o homem, muitas vezes de mãos dadas, movendo convicções e medos. Visto isto, tomamos, quase sempre em sociedade unida, a opinião de que distinguimos perfeitamente, as barreiras entre o cidadão normal e o criminoso, e, ademais, consideramos ainda que o nosso sistema está sólido e sustentável o suficiente para punir e polir as arestas legalmente e imoralmente inocentes pela população. Afinal de contas, somos animais racionais e dotados de razão e sabedoria. Mas, e se o nosso âmago nos trocar as voltas? Se nos levasse a crer, e, sobretudo, a entender que a crueldade e o ódio trazem ao pescoço a felicidade e a união?
 Citando dois grandes homens do pensamento (por ordem cronológica e consequentemente temática): René Descartes, em o genial “Discurso do Método” - “Aprendi a não crer com muita firmeza em nada do que só me fora persuadido pelo exemplo e pelo costume.” - e Milan Kundera, com uma das maiores reflexões humanísticas do milénio passado, em “A Insustentável Leveza do Ser” - “Os regimes criminosos não foram feitos por criminosos mas por entusiastas convencidos de terem descoberto o único caminho para o paraíso. Defendiam corajosamente esse caminho, executando, por isso, centenas de pessoas. Mais tarde ficou claro como o dia que o paraíso não existia e que, portanto, os entusiastas eram assassinos!”
 Claramente, o homem ser insólito e peculiar, criatura de extremos e opostos, ainda tem muito a aprender sobre o crime. Conceptualmente falando, falta-nos a bagagem dos “meios” e dos “fins” pregados ao termo criminal. A discussão e a reflexão estão abertas.


Gonçalo Dias, 11.º F

Comentários

Mensagens populares