Terminal da vida
Lembras-te
de quando estávamos sentados no escuro, relembrando todos aqueles que passaram
pela nossa vida e que, em certo momento, partiram? Lembras-te de como, de uma
forma sincera, abrimos os nossos corações e falamos do medo que nos atingia?
Deixei transparecer toda a insegurança que há muito me afligia, mas tu, naquele
tom calmo e sereno, disseste para não me preocupar, que estavas bem aqui, ao
meu lado, que nada deveria temer. Deste-me o alento que faltava, mas a hora
chegou e, como tantos outros anteriormente, partiste. Numa fração de segundos
largaste-me a mão e eu, à deriva, fiquei.
Afinal, a
vida é assim, não é verdade? Somos meros passageiros num terminal de
transportes, preocupados com a azáfama de comprar o bilhete, despachar a
bagagem, comer para não ter fome durante a viagem. Esbarramos uns contra os
outros e, por um mero instante, as vidas interligam-se, mas não passa disso, um
instante. Rapidamente cada um segue o seu caminho, procurando por instinto o
seu destino. Não sabemos ao certo para onde vamos ou qual a hora de partida,
mas nada é tão certo quanto isto: o transporte chega sempre ao terminal da
vida.
Ana
Marta Rato, 11.º K
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