Lisboa

 



Às vezes, odeio Lisboa. Tenho porém consciência de que sempre foi um preconceito irracional. Algo que criei na minha cabeça por associação à lembrança de más memórias, nunca à cidade em si. Lembro-me de, desde nova, dizer que estudaria fora, que sairia daqui o mais rápido possível e organizaria a minha própria vida. Lembro-me de dizer que o faria num sítio onde houvesse “realmente cultura”. Nada disto tinha fundamentos válidos. Só pensei assim durante o tempo suficiente para me convencer de que era verdade. De que a única maneira de me vir a sentir minimamente realizada na vida era mudar-me para algum lugar onde não sentisse como se, qualquer vertente artística que eu possuísse, morreria no momento em que a tentasse pôr em prática. 

Ainda quero sair, claro. Mas percebo mais do que nunca que acreditar em tudo aquilo era uma estupidez. Percebo porque aqui, agora, às nove de uma noite de outono, que a baixa, com todo o seu ar luminoso e europeu, não provoca em mim qualquer tipo de ódio. Parece-me provocar precisamente o contrário, visto que se tornou inspiradora o suficiente para que escreva sobre a sua atmosfera.  


Mariana Monaco, 11.º J 

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