Expectativas
Gosto
de pessoas, apenas não me agrada estar rodeada delas, grande parte do tempo.
De
qualquer maneira, poucas são do meu interesse, mas talvez o sejam, pois foram
as únicas a quem me dignei dirigir a palavra. Receio perder o meu tempo,
dedicar-me a alguém que não valha a pena, que no final de contas não me
acrescente nada.
Penso
demasiado, é cansativo. Quando acredito ter criado todos os possíveis cenários,
o contexto muda completamente e nada do que imaginei se chega a tornar
realidade. Remoer o passado torna-se depressivo e tentar prever o futuro é
esgotante, são horas desperdiçadas num universo paralelo. Às vezes, o ponto
alto do meu dia é esse mesmo, os meros momentos em que escapo à realidade, mas,
no fundo, só quero existir sem pensar muito no assunto.
Gostava
de ter mais facilidade em comunicar, exteriorizar emoções com pessoas que
conheço menos bem. A minha mãe acha que sou demasiado exigente, tanto com os
outros como comigo, que elevei as minhas expectativas a um nível dificilmente
alcançável. Não concordo, sinceramente não acho que seja pedir muito, pedir
alguém com personalidade, empatia suficiente para me entender, quando
exprimir-me é o que menos quero fazer. Alguém com quem passar tempo seja fácil,
leve, não cansativo. Alguém que me carrega baterias, não as esgote. Alguém com
sentido de humor, já agora, que aprecie as minhas piadas.
Só queria alguém que me desse tudo aquilo que
eu aos outros dou, a sua atenção, de livre vontade, mas o que respondo à minha
mãe quando me pergunta: “O que queres afinal?” é:
- Nada em concreto, mas tudo, no geral.
Inês Paulino, 11.º F
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