O andamento da vida



 

 Quase esquecidas estão as lembranças de uma vida improvisada.

 Antes dançava ao sabor de um velho disco,

 Sozinha, mas acompanhada,

 ao sabor de música lenta, mas mais ornamentada.

 

 Hoje, entre caras conhecidas que tentam esconder a solidão,

 sinto-me mais um destes pingos de chuva,

 derramados no chão.

 

 A vida é uma correria,

 não encontro espaço para uma respiração.

 O ritmo só acelera,

 qualquer tentativa de o contrariar é em vão.

 

Tenho a cabeça à roda,

estou presa neste carrossel.

Quase me esqueço do que era balouçar o corpo lentamente,

sem pensar em nada mais que isso, somente.

 

A dança não acaba,

não aguento este andamento muito mais.

Respirei sem querer, não foi o que fiz parecer.

 

Para a saia de girar,

já não sinto os pés.

De repente a música cessou,

será que acabou?

 

Na folha paira uma figura ainda por tocar.

É breve mas com suspensão,

agora resta decidir se a prolongo ou não.

                                                       

Inês Paulino, 11.º F 

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