A JANELA

 



   



  Um homem miniatura olha através do olho.

  O olho mostra a rua por onde o homem grande anda, pelos estabelecimentos que passa, pelo trabalho tardio e mostra também a chegada a casa.

  Dia após dia, foi assim, o homem pequeno via o dia do homem grande de dentro do seu olho.

  Um certo dia, o olho começou a fechar -se regularmente e a abrir-se logo em seguida.

  O homem miniatura já não conseguia ver os dias a passar da mesma forma, pois o olho, a sua janela, estava sempre a ter pequenos, mas constantes quedas e apagões.

  Muito tempo o homem pequeno assim passou, a ser interrompido pelos fechares de olho do homem grande, porém, um dia fez algo que jamais havia feito. Olhou para trás de si e viu uma data de objetos e elementos da vida do homem grande diante de si. Sem uso, sem propósito, sem nada.

  Foi aí que o homem miniatura percebeu o que tinha de fazer e decidiu quebrar o ciclo.

  Nessa mesma noite o homem grande saiu do seu emprego e deitou-se na cama. Dormiu, dormiu, dormiu, e sonhou com todos os objetos que tinha em mente.

  Na manhã seguinte, o homem grande saiu de casa com energia e assim o homem miniatura não se preocupou mais em ter interrupções diante da sua janela.

 


Gonçalo Ouro, 11.º F

                                                                                                                


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