A Casa do Arco-Íris




  

   Aconchegou o casaco mais para si, já a tiritar de frio, enquanto corria em busca de abrigo. Chovia. O vento uivava com força. O seu cabelo esvoaçava à medida que ia seguindo pela rua. Ao passar pela casa estacou. Não se importou com a chuva, com a água que lhe rasava o rosto como se de lágrimas se tratassem. Fechou os olhos. Memórias assolaram a sua mente. O cheiro a bolachas acabadinhas de sair do forno, o doce sorriso da mãe, o riso bem-disposto do pai, o som da correria frenética dos irmãos e os latidos do seu pastor alemão. Sorriu para si, inclinando-se ligeiramente em direção à casa, simulou um passo. Abriu os olhos. Contemplou a casa. Esta estava como da última vez que a vira, vazia, decrépita, a tinta a descair das paredes, o solo repleto de ervas daninhas e o portão escancarado. Retirou a mão que se estendia involuntariamente ao portão. Afastou-se em passos apressados, sem nunca olhar para trás. Ao chegar ao cimo do monte, parou de chover. Imobilizou-se e voltou-se. Um arco-íris preencheu o céu, emoldurando a casa. Por momentos, pareceu adquirir um novo brilho, as paredes tornaram a ser daquele azul resplandecente, as flores dominavam o jardim, desejando um bom-dia, até a horta da mãe se encontrava presente. Pelas janelas via as luzes acesas, sentia o calor que emanava da casa e ouvia os risos que ecoavam pelas paredes. Decidiu guardar essa memória para si. Fechou os olhos, uma lágrima deslizou-lhe pela face, sorria. Suspirou e, por fim, prosseguiu o seu caminho.

Verónica Ingham, 11.º H

Comentários

Anónimo disse…
wowowow adorei
Anónimo disse…
:) Procuramos o nosso arco-íris, boas descrições

Mensagens populares