De vagabundo a um grande amigo…
Numa manhã de Inverno, estava eu sentada num banco de jardim, quando de repente se aproximou de mim um vagabundo.
Hesitei e, quando ia para ir-me embora, ele pediu-me que não fosse, uma parte de mim pensou em não ligar ao que ele me pediu, mas a outra parte dizia-me para ficar.
Fiquei, mas estava com receio porque não sabia o que ele me queria, ele esteve calado durante um bom tempo…
Passados uns minutos de silêncio, ele diz o seu nome, chamava-se Dinis, tinha 72 anos e a família tinha-o abandonado, disse também que já me tinha visto quase todos os dias no jardim e que gostava de falar um pouco comigo.
Contou-me a sua história de vida, não tinha sido nem era fácil, ele era casado e tinha dois filhos, a sua mulher certo dia sai de casa, como era normal, com os filhos e à noite não regressa, Dinis ficou desconfiado de que se passava algo e tentou falar com ela.
Passados alguns dias, Dinis, que estava a arrumar umas coisas, descobre uma carta com o seu nome, esta carta era da sua mulher, nela dizia que se tinha ido embora com os filhos, porque não queria que os filhos fossem criados como pobres.
Depois de ler a carta ele diz que sentiu um enorme desgosto, porque nunca pensou que a mulher achasse que os filhos não podiam ser educados com a educação, que ambos os pais tiveram.
Eu e o Dinis falámos durante algumas horas sobre este assunto, que dava para perceber que lhe custava tanto falar.
Prometi-lhe que todos os dias o iria visitar e assim foi. Todos os dias ele contava-me uma história nova, ora era triste, ora era alegre. As histórias que ele contava eram conforme o seu estado de espírito.
Durante vários e longos meses, eu conheci o homem mais educado e com valores, que pouco ou mesmo nenhum homem tinha.
Embora fosse já um homem com certa idade e depois de tudo o que lhe aconteceu, tinha uma alegria e uma forma de ver a vida que dava gosto de ver como ele se sentia feliz por coisas que as maiorias das vezes não dão importância.
Esta foi uma das coisas que eu aprendi com ele, que mesmo coisas que parecem insignificantes têm sempre um grande significado.
E também aprendi que não se deve julgar as pessoas pela aparência, porque até mesmo um sem abrigo pode ser uma pessoa humilde, honesta e com dignidade.
E de um simples vagabundo, o Dinis passou a ser meu amigo ou talvez um grande amigo.
Joana Filipa Sá, Escola Secundária de Camões, 10ºE
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Rita Amador
10ºE