(Sem inspiração para título)

-Ok, então como vais fazer o texto sobre a inspiração que a “stôra” pediu? – perguntou enquanto olhava para a folha em branco, segurando a caneta.
-Pois é, já me esquecia – disse o amigo antes de sair do quarto.
Voltou com a caixa de uma câmara fotográfica vazia. Começou a procurar por todo o quarto, levando ao chão tudo o que lhe estava ao alcance das mãos.
-Para que queres a câmara?
- Para o trabalho. O meu vai ser em vídeo – respondeu o amigo.
- Sortudo! Também quero! – disse bastante entusiasmado.
-Pedisses à “stôra”. Azar o teu – disse o amigo em tom de gozo.
Lá encontrou a câmara passados alguns minutos de procura. Mexeu em alguns botões e parou. A folha ainda estava em branco.
- Que vais fazer agora? – perguntou, farto de olhar para a folha, sem nada nela.
- Filmar-te – respondeu, com um sorriso nos lábios que dizia “ por favor, peço-te…”
- Isso está a filmar? Desliga isso.
O amigo deu um passo atrás, para poder continuar a filmar.
- Só te trouxe cá a casa para te filmar, vai ser esse o meu trabalho. O tema vais ser tu a escrever.
- Amanhã mato-te – retorquiu, em voz sarcástica, enquanto estalava os nós dos dedos – olha, até já sei como vai ser o meu texto.
- Fala, está a filmar.
- Vou escrever sobre tu estares a filmar-me.
- Pára…não podes fazer isso…pois não?
- Então espera e vê.
“ O que é a inspiração? Como estou sem nenhuma e aqui o meu “amigo” fez o favor de me roubar o resto (isto é sarcasmo senhora professora, não me mate), não tenho grande coisa para escrever. A verdadeira inspiração vem quando temos que fazer algo para entregar à professora e não temos nada sobre o que escrever. A inspiração pura vem do nada, começa ao olharmos para uma folha branca (com um chato a filmar-nos).”



Rui Agostinho, Escola Secundária de Camões, 10ºD