Escrevendo com António Vieira

Perguntado um grande filósofo qual a melhor terra do mundo, respondeu que a mais deserta, porque tinha os Homens mais longe. Isto é, na minha perspetiva, apesar de quase impossível nos dias de hoje, talvez por isso, uma ideia de utopia. Razoavelmente, não é uma ideia que prevaleça nas mentes de muitos. Pois, na verdade, quando pensamos no tema vida, viver, obtemos logo na nossa cabeça, imagens de um conjunto de pessoas que são, realmente importantes para nós, enquanto seres humanos. Assim, imediatamente, surgem as nossas famílias e os nossos amigos mais próximos e, nunca, pensamos na imagem de uma ilha deserta, sem habitantes humanos, a viver na solidão. Ainda nesta perspetiva, penso que, de facto, nem mesmo quando estamos e vamos de férias para algum lado, que no nosso destino não esteja nenhuma pessoa à nossa espera. Deste modo, esta poderia ser, então, uma oportunidade para fazer uma pausa, concretizar a minha suposta utopia, que é viver, ou nem que seja, passar umas férias num lugar isolado, como, por exemplo, no deserto. Em todo o caso, na minha perspetiva, este seria um bom e calmo lugar para se visitar, pois estaria a uns largos quilómetros do comportamento existente em cada ser humano. Isto é, de facto, na minha opinião, longe dos Homens, do ser humano, longe do seu comportamento obsessivo, dos seus erros e, então, longe dos seus múltiplos pecados. Assim, por outras palavras, esta é a minha forma de expressar que, quando vivemos ao lado de pecadores, de homens pecadores, é inevitável que nos tornemos como eles. É, deste modo, uma característica crescente na nossa sociedade, uma vez que, só se aplica a seres racionais, que têm a capacidade para medir as consequências dos seus atos e pensamentos. Ou seja, é deste modo que penso que é crescente na sociedade atual, pois hoje, seguimos o que a sociedade quer, deseja, sem questionar o que, realmente fazemos e, porque o fazemos. Por isso mesmo, acho necessário termos perceção desta questão, nem que seja ao criar uma ideia imaginária, uma utopia, que nos fará questionar a nossa existência e o nosso comportamento enquanto seres humanos.

 

Patrícia Guerreiro, 11.º H