Pensamentos leves...

        


         O calor daquela tarde de verão inundava o ar como um cheiro bafiento que apelava à inércia.

          E oh! como sentia a falta do cheiro a pinho que se espalhava pelo inverno ou o odor leve e fresco das hortências que galopa pelos ares da primavera…

          Mas esses dias vão lá longe. Ou, pelo menos, transmitem a sensação de um passado tão distante como o das memórias mais remotas deste meu ser.

          Podem ter passado meras horas, meros dias, meras noites, desde que aqui me plantaram a olhar o céu fervente deste interminável verão. Mas, oh!, parecem décadas, séculos, milénios!

         Acabado o sol, restaria a lua e as estrelas, e o vento na noite a uivar pelos ramos das oliveiras. Mas este sol infindável teima em ficar, brilhante e complacente por entre as nuvens e a terrível neblina que ao invés de nos escudar dos raios de sol, mantinha o seu calor colado ao corpo.

         Malvados raios de sol que me prendem de um sonho da noite sem fim.

         Malvada a neblina que dá esperanças de um outono breve que não chega.

         Malvadas as horas passadas longe do mar tempestuoso que trará novas daquele que eu espero.

Alice (heterónimo de Rita Amador, 11.ºE)

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