Lençol. Cisma. Linha.
Se na varanda tanto lhe cai o sol, tanto lhe cai a chuva. E de alguns sóis dia virá, à chuva tanto lhe faz. Se por aqui sintetizamos e a nada nos deixamos, agarremo-nos ao que à parede se agarrar, é disso que o barro se faz. Já que no sol de uns prevalece a chuva, à chuva doutros sóis se escapará.
Magnífico fenómeno: o arco-íris, a bandeira gay, o mergulho celestial, um qualquer fenómeno físico. Aquele que penso que expliquei (nesta área nada acabei). E se fisicamente não se explica, dizem que pela cabeça se fica. Quanta física esta não trará? Pouco mais resta para me baralhar.
Varanda. Varanda pessoana que para outra coisa ainda dá. Varanda em si. Esta que aqui se apresenta. O breu e a escuridão. O indivíduo na varanda sentado está. O céu lá se estende. Sempre. Tendo este ou aquele significado, ainda assim me deixa parvo, estupidificado. Quanto ao tal significado, resta o mais bem agarrado, aquele que mais jeito nos der, aquele que me convier. Porque quem não quer o que visto está, tão pouco o encontrará, caso imaginação não haja que perdurará.
Olha. Vê agora, que o escuro raramente o permite. Morta ou viva estrela. Quanto à lua, não se perderá. Daqui, o mais que comprovamos é que ali está. Passeando-se, imaginando-se também ela senhora do que ela quiser, já que, pequenos ou grandes, opacos, redondos, ou mesmo enfadonhos, alguma coisa fazemos. Mais não seja ocupar o espaço celestial, ou mesmo o virtual, é o novo gosto animal. Homem, se não crias, vive naquilo em que existas, tens tanto de depósito como qualquer outra coisa que pela terra não sacrificas.
E esta lua? Sim, a que está aqui à mão. O seu sonho tão pouco terá de ser ilusão. Talvez tenha sonhado que girava em torno de algo. Que o pau, ou metal, tão pouco o sei, que tanto a angústia vem dos que cá de baixo se riem quando ela os vê na sua pequenez. Diga ela que os fez, porque não é com bandeiras que se prova grandeza, nem sequer a destreza. Nem tão pouco com humanos passos se conquista a lua. É o ser e o estar. O movimento e o inimaginável estático.
Olha, pequena pessoa. Oh, tu que te julgas grande! Ainda que assim não tenha queser… O colossal e o monstruoso homogéneo. O céu escuro. Olha-o estrelado, como lençol estendido. Suave, amaciado… De quando a quando esburacado, são as estrelas que o dizem. Mas há este que se destaca: a lua e o seu escape. A grande fuga. O buraco no lençol. O lapso por esquecimento. Uma hipótese para o pequeno. Olha! Olha bem! Consoante fixas os olhos, consoante queiras, ou és tu que te moves ou é ela. Ou a tua imaginação. Agora, olha bem. O ser sentado olha também, seja ele chapéu ou véu. Não parecemos estar num daqueles recuerdos, naqueles globos de vidro, naqueles bibelôs que se abanam para ver a neve plastificada caminhar? Somos um globo dentro de globos. Quem será que nos vem abanar? Será isto que nos permite respirar?
Vivemos afinal num daqueles casulos redondos de vidro, esvoaçamos com os flocos de neve que não vemos todos os dias, contendo-nos a nós também nos globos das estáticas vidas. Um floco de neve que a quem cá fora está tão fácil é de mover, de corromper, de abraçar.
Maldito movimento de mão ou pé. Dedo, tornozelo e ombro. Afinal, quando saímos entramos sempre noutra coisa. Mais não seja na nossa ignorância, porque para essa não há limites, cresce nos seus domínios. A desconhecida perspetiva do que se detém no nosso perfil, diga-se... Malditos empiristas!
Ora bem. Volta, volta atrás… Confirma, sê concreta. Sê o que não és… A lua parece o buraco nessa superfície esférica. Aparece à noite e diz “Fujam, minhas pequenas coisas”. As estrelas só dão noção da imensidão de luz que lá fora está. Gozam connosco, que tivemos de fazer do escuro abrigo. Oh, como todos gozamos com o que abaixo do ombro nos fica. O humano senta. Olha. Imagina-se a trepar aquelas paredes de vidro, de ventosas talvez. Não nos deu deus isso, hipótese de escape, um corpo adaptado… Goza ele ou não sabe o caminho? Egoísta ou ignorante? À sua imagem se faz, com ela se fica. Se é que ele exista, só espera por quem dele se emancipa. De tão parecidos que somos, algum defeito havíamos de ter. Mas voltemos ao importante: saídas e entradas, espirais e contra-linhas. Onde é que acaba o globo para eu começar a subir? Onde é que o globo cola à madeira que nos faz de suporte? Qual o início de tudo? Disto, daquilo, de aqueloutro.
Vê-se tantas vezes o fim. Tão poucas se vê o início.
Magnífico fenómeno: o arco-íris, a bandeira gay, o mergulho celestial, um qualquer fenómeno físico. Aquele que penso que expliquei (nesta área nada acabei). E se fisicamente não se explica, dizem que pela cabeça se fica. Quanta física esta não trará? Pouco mais resta para me baralhar.
Varanda. Varanda pessoana que para outra coisa ainda dá. Varanda em si. Esta que aqui se apresenta. O breu e a escuridão. O indivíduo na varanda sentado está. O céu lá se estende. Sempre. Tendo este ou aquele significado, ainda assim me deixa parvo, estupidificado. Quanto ao tal significado, resta o mais bem agarrado, aquele que mais jeito nos der, aquele que me convier. Porque quem não quer o que visto está, tão pouco o encontrará, caso imaginação não haja que perdurará.
Olha. Vê agora, que o escuro raramente o permite. Morta ou viva estrela. Quanto à lua, não se perderá. Daqui, o mais que comprovamos é que ali está. Passeando-se, imaginando-se também ela senhora do que ela quiser, já que, pequenos ou grandes, opacos, redondos, ou mesmo enfadonhos, alguma coisa fazemos. Mais não seja ocupar o espaço celestial, ou mesmo o virtual, é o novo gosto animal. Homem, se não crias, vive naquilo em que existas, tens tanto de depósito como qualquer outra coisa que pela terra não sacrificas.
E esta lua? Sim, a que está aqui à mão. O seu sonho tão pouco terá de ser ilusão. Talvez tenha sonhado que girava em torno de algo. Que o pau, ou metal, tão pouco o sei, que tanto a angústia vem dos que cá de baixo se riem quando ela os vê na sua pequenez. Diga ela que os fez, porque não é com bandeiras que se prova grandeza, nem sequer a destreza. Nem tão pouco com humanos passos se conquista a lua. É o ser e o estar. O movimento e o inimaginável estático.
Olha, pequena pessoa. Oh, tu que te julgas grande! Ainda que assim não tenha queser… O colossal e o monstruoso homogéneo. O céu escuro. Olha-o estrelado, como lençol estendido. Suave, amaciado… De quando a quando esburacado, são as estrelas que o dizem. Mas há este que se destaca: a lua e o seu escape. A grande fuga. O buraco no lençol. O lapso por esquecimento. Uma hipótese para o pequeno. Olha! Olha bem! Consoante fixas os olhos, consoante queiras, ou és tu que te moves ou é ela. Ou a tua imaginação. Agora, olha bem. O ser sentado olha também, seja ele chapéu ou véu. Não parecemos estar num daqueles recuerdos, naqueles globos de vidro, naqueles bibelôs que se abanam para ver a neve plastificada caminhar? Somos um globo dentro de globos. Quem será que nos vem abanar? Será isto que nos permite respirar?
Vivemos afinal num daqueles casulos redondos de vidro, esvoaçamos com os flocos de neve que não vemos todos os dias, contendo-nos a nós também nos globos das estáticas vidas. Um floco de neve que a quem cá fora está tão fácil é de mover, de corromper, de abraçar.
Maldito movimento de mão ou pé. Dedo, tornozelo e ombro. Afinal, quando saímos entramos sempre noutra coisa. Mais não seja na nossa ignorância, porque para essa não há limites, cresce nos seus domínios. A desconhecida perspetiva do que se detém no nosso perfil, diga-se... Malditos empiristas!
Ora bem. Volta, volta atrás… Confirma, sê concreta. Sê o que não és… A lua parece o buraco nessa superfície esférica. Aparece à noite e diz “Fujam, minhas pequenas coisas”. As estrelas só dão noção da imensidão de luz que lá fora está. Gozam connosco, que tivemos de fazer do escuro abrigo. Oh, como todos gozamos com o que abaixo do ombro nos fica. O humano senta. Olha. Imagina-se a trepar aquelas paredes de vidro, de ventosas talvez. Não nos deu deus isso, hipótese de escape, um corpo adaptado… Goza ele ou não sabe o caminho? Egoísta ou ignorante? À sua imagem se faz, com ela se fica. Se é que ele exista, só espera por quem dele se emancipa. De tão parecidos que somos, algum defeito havíamos de ter. Mas voltemos ao importante: saídas e entradas, espirais e contra-linhas. Onde é que acaba o globo para eu começar a subir? Onde é que o globo cola à madeira que nos faz de suporte? Qual o início de tudo? Disto, daquilo, de aqueloutro.
Vê-se tantas vezes o fim. Tão poucas se vê o início.
Isa Marques, ex-aluna da Escola Secundária de Camões
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