Cronos





                Os segundos arrastam-se lentamente como que indecisos, incertos de futuro, de decisão a tomar, de caminho a seguir…
                Podem avançar rapidamente rumo ao próximo encontro, para a luz, qual raio de sol que aquece, faz vibrar os sentidos e desperta o ser… A cada dia que avança, o minuto do reencontro é aguardado com ansiedade redobrada, a mente vagueia, mas o coração pula até à atmosfera como que reaprendendo, lembrando que há algo, alguém cuja ausência se tornou dolorosa. Como um vazio que abafa, oprime, e obriga pensamentos e emoções a inclinarem-se apenas numa direção…
                Porém, é doce o saborear da mais pequena recordação, dos sentimentos retratados no olhar, transmitidos em contactos subtis de pele ardente e alma exaltada, num toque que se quer prolongar para além do tempo, que entranha no fundo do ser… Os corpos aproximam-se espontaneamente, sem verdadeira consciência do magnetismo que os atrai… Puros os instintos, complicada a mente…
                Os segundos arrastam-se, os relógios conspiram, a noite prolonga-se indefinidamente…
    Tento adormecer para que o tempo voe, mas o luar não te substitui.

Bruno Cabaços, EFA B



Comentários

Anónimo disse…
Olá Bruno Cabaços,
Achei muito inspirador, envolvente, intenso, autêntico, cativante.
Tens futuro, continua a trabalhar. Não há nada que não se consiga alcançar sem esforço e trabalho árduo.
JJ
Anónimo disse…
"Tento adormecer para que o tempo voe, mas o luar não te substitui." Awwwwwwwwwww!
Que belo desfecho! :)

Lau
Anónimo disse…
Muito bom. Gostei muito da minha leitura deste texto de qualidade.

Cumprimentos,
Francisco.

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