Se algum dia te encontrar
Um pouco de
mim corre nas tuas veias, um pouco de mim sangra no inferno, tudo porque ainda
me lembro do paraíso mas vivo num lugar onde o descuido é veneno.
Arrepiado, instável e, mesmo assim, feliz por amar e
praguejar, voo com apenas uma asa, a outra tendo perdido quando deixei de ser
inocente. É por isso que me veem atarantado e as minhas palavras são ecos
informes de tudo o que navega na alma… Sim, são disformes porque nunca sei
traduzir da melhor maneira o que é criado dentro de mim.
Se estou calado e pensativo é porque me sinto longe
da fraca realidade que não sabe convencer, e disserto comigo mesmo sobre todas
as conclusões e hipóteses. Se aparento estar feliz, conquistado pela desarmonia
do momento, acredita que uso uma máscara que confunde porque não quero pensar
em algo mais do que o momento.
Não sei se algum dia o que tenho derrocará, se cometerei
o erro de demostrar que não sou assim tão certo, que a minha alma e o meu
coração lutam contra a minha mente e o meu corpo. Várias vezes, são estas
últimas essências que ganham, tal como a minha solidão ao estrebuchar vitória, e
eu, despedaçado, culpo-me pelas quedas, por nunca aprender a calar as dúvidas e
asneiras quando é o verbo mais valioso, aquele que deverei sustentar!
Cabe à alma e ao coração ensinar a mente e o corpo a
viverem…
Cabe ao que brilha, fazer com que o escuro deixe de
transmitir a sua doença, abrir todos os lados com a virtude que é o
conhecimento…
Se algum dia te encontrar, acredita que não serei o
mesmo de outrora.
Até lá, questiono-me: quem és tu?
Bruno Cabaços, EFA/B
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