O Menino Que Queria Tocar o Horizonte





A história que estou prestes a contar é de um rapaz que tinha apenas um sonho na sua vida. Incompreendido e humilhado, o pequeno homem prefere manter este seu sonho para si, na esperança de que, um dia, este se venha a realizar. O mais absurdo dos absurdos, o sonho, que assombra o pequenino, fá-lo esperar pelo dia seguinte, onde pode sonhar mais um pouco.
Um dia, farto, o pequenino decide assumir para todos o seu sonho quase esquecido, o menino queria tocar o horizonte, ver o que está para lá do alcançável pela nossa vista e para lá de nós mesmos. O horizonte, que se estende para lá das terras e dos mares deste nosso planeta, parece infinito e inalcançável, mas é isto que entusiasma tanto o rapazinho de cabelos castanhos e soltos, olhos castanhos-escuros e profundos, como se fossem capazes de ver o que os outros não conseguem, uma pequena boca e um corpo magrinho que serve perfeitamente nas roupas de rapaz pequeno.
Em tom de brincadeira, os seus pequenos amigos ridicularizam-no por tão absurdo e impensável sonho, mas, agora, mais forte que nunca, o rapazinho ignora tais comentários, classificando-os até como invejosos, inveja por não terem sonhos como tem o pequeno rapaz.
Após um longo e cansativo dia, o menino, depois de comer a refeição preparada por sua mãe que o acompanha e acompanhará para sempre, protegendo-o e cuidando dele até ao último suspiro, veste o seu pijama, lava os dentes, despede-se do seu atarefado pai e vai-se deitar, mas antes ouve uma história, O Feiticeiro de Oz, para que, durante o sono, o menino seja inundado por belos sonhos e fantasias.
O rapaz adormeceu a pensar naquela bela história e dá por si flutuando por entre um céu de sonhos e, de repente, encontra-se sentado sobre uma pedra numa qualquer floresta fresca onde os pássaros voam sobre as cascatas e riachos que cortam a vegetação. Não muito tempo após a sua chegada à floresta, aparece uma pequena fada, tão pequena que cabe na palma de uma mão, e esta pergunta-lhe – «Que fazes aqui pequeno homenzinho»? Ao que o rapaz responde – «Não sei, acho que estou perdido». A fada espantada pergunta – «Precisas de alguma coisa? Posso realizar-te três desejos se quiseres». A isto o rapaz responde – «Podes-me ajudar a realizar um sonho? O sonho de tocar no horizonte, ver o que está para lá dessa infinita linha». A fada responde – «Claro que sim». Ao ouvir estas palavras, os olhos do rapaz humedeceram de tanta alegria e com um toque de magia a fada acompanhou o rapaz na mais excitante das viagens e juntos viram o que estava do lado de lá do conhecido pelos humanos, um novo mundo ainda por explorar, paisagens livres dos tormentos e máquinas do Homem, onde não se vê poluição nem tortura, nem escravidão, nem amargura. O menino só queria ficar ali naquele mundo para sempre, para ser feliz e livre, mas sentia falta de sua mãe e de seu pai que eram, para ele, as pessoas mais importantes do mundo. O menino decidiu então voltar.
Após a viagem, a fada e o menino despedem-se um do outro, fazendo promessa de que nunca se esquecerão desta viagem e, como recordação, a fada entrega ao rapaz uma pulseira do novo mundo, uma prova de como ele havia realizado o seu sonho.
O rapaz acorda e apercebe-se de que tudo foi um sonho, uma fantasia do sono, até que, ao olhar para o seu pulso, vê a tal pulseira, a prova. A mãe do menino pergunta se este dormiu bem, ao que ele responde – «Sim, tive o melhor sonho de sempre»!
Hoje, já adulto, o então rapazinho ainda tem a pulseira como sinal de que todos os sonhos, por mais absurdos que sejam, podem ser realizados.

Tiago Brito, 11ºE, Escola Secundária de Camões

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