Até Manhã - Capítulo II- Um ser débil
No meio daquela confrangedora situação, eis que rompendo a linha do horizonte, sem dó nem piada, aparece o fugitivo sol.
Aquele calor repentino, reflectido na minha alma, projectado pelo sol, fez-me ter coragem de dar um passo em frente; e assim foi, dirigi-me para aquela dúvida.
A distância percorrida até à dúvida era cada vez mais pequena, o que me fez despertar aqueles súbitos calores de pânico e ansiedade, pois os meus pés continuavam em movimento sem eu querer, porque eu não sabia o que lhe havia de dizer… Iria perguntar por aquele rebuçado que o esquilo levava consigo? E se ela não tivesse nada a ver com esse animal? Pensaria que eu era completamente maluca! Então por que é que me queria oferecer um rebuçado?
Deparei-me diante dela, e aquelas respostas todas que não me saíam da cabeça, ainda não estavam esclarecidas. Todavia, a presença dela metia-me num estado de nervos insuportável; sempre olhando para mim com aquele sorriso, que agora tinha voltado por ter percebido que eu não tinha escapatória para as minhas dúvidas, estava completamente nas suas mãos.
Sem ter sido preciso expressar uma única palavra, a dúvida misteriosa, questiona-me por ter mudado de ideias e por ter voltado atrás no meu caminho. Com toda a inocência do mundo eu respondi que nem eu própria sabia, porque tinha mudado de ideias, que provavelmente foi o facto de o sol ter aparecido.
“Não”, retorquiu-me a dúvida; eu tinha voltado para encontrar respostas relacionadas com aquele acontecimento, porque eu não conseguia viver em constante dúvida comigo mesma, isso ir-me-ia fazer perder o controlo em relação à vida real e ao mundo fictício.
A dúvida acertou em cheio no meu ponto fraco, o meu destino.
Já o tinha perdido há muito tempo e nunca o voltei a encontrar, não sabia o que queria fazer da minha vida.
De momento, a dúvida proporcionou-me um mundo maravilhoso, onde não tinha que pensar no futuro, onde pudesse ser como realmente sou; viver num mundo só meu, onde não pode entrar mais ninguém.
Por isso, sem pensar duas vezes e esquecendo o mundo real, aceitei o rebuçado, como se fosse o passaporte para a minha felicidade incontestável.
Aquela maldita dúvida que me iludira, vendendo aquele mundo impossível de alguma vez ser perfeito, faz-me hoje pensar, que quando estamos doentes tornamo-nos as pessoas mais procuradas por estes corpos incógnitos, que nos fazem tomar decisões erradas.
Continuo sem perceber o que me passou pela cabeça, para, naquele dia, me ter tornado a pessoa mais fraca do mundo ao ponto de me ter envolvido num problema que tantas vezes me disseram para ter cuidado.
A minha mãe diz-me que eu não tive culpa, vivia noutro mundo…
Mafalda Serra, Escola Secundária de Camões, 10ºE
Comentários
Continua! (:
Beatriz Mendes
10ºD