As palavras… e o Nada




                As palavras, gastas, soam como ruídos absurdos e perturbadores. O significado, esse, foi-se esmaecendo há muito tempo, deixando perceber aos poucos apenas bocados entrecortados, até se desvanecerem por completo. Não são mais necessárias, pois tudo é absurdo e assustadoramente revelador. As estradas foram-se fechando em encruzilhadas, os livros foram perdendo as páginas, o vidro não tem mais o brilho de outrora.
                A rigidez da morte em vida, rigidez imóvel e fria, aterroriza e assombra a mente. Os momentos não podem ser (re)vividos sem a saudade, que, detestável, nos cospe na face e sussurra destrutivamente o que sempre soubemos: O Vazio. O Nada. A palidez cobre-nos, o nosso coração pouco bate. Uma sombra cruel passa a correr, e nela identificamos algo. É como ver refletido o nosso retrato. Solitário. Distante e sem a alma de ontem, como um violino partido. Um retrato triste, mas simbólico. E então compreendemos que as feridas são reais, mas a dor não.



Bruno Cabaços, EFA B

Comentários

Anónimo disse…
Saudações, Cabaços!
Devo confessar que o teu pensamento deixou-me a pensar.
Por vezes, é o vazio que nos preenche.
Cumprimentos,
Cordeiro.
Anónimo disse…
Na minha opinião muito melancólico.

Liliana

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