Memórias – parte dois
Cheguei. Sim, finalmente cheguei. À
primeira vista, tudo me parece igual. Os pinheiros continuam altíssimos e a
vegetação cresce desenfreadamente. Abro a cancela. Lá estão eles. Os dois
pinheiros, parados, eminentemente à minha frente. São um pouco curvados: um mais
para a esquerda e o outro mais para a direita. Acabam por criar um arco majestoso
em tons de castanho, que parece estar a dar as boas-vindas a quem lá entra.
Estou deleitada ao ver que isto permanece inalterado. Fico a admirar um pouco a
vista. Sinto-me bem. O ruído mundano da cidade não me chega aos ouvidos. A
pacatez e a serenidade daquele lugar inscreve-se em mim.
Começo a andar e relembro-me de dar
aqueles exatos passos, ao deambular por ali em pequena. Quase que vejo os meus
pequenos ténis laranjas e pretos com pequenas caveiras a preencher (não ponto
por ponto, mas quase) as botas pretas que tenho calçadas. Experimento
sentimentos adversos em relação à mesma situação: aborrece-me ver um lugar tão
bonito abandonado, mas, por outro lado, estou contente. Contente porque
permanece meu. Apesar de não ter lá ido há anos, ainda me revejo ali. Ainda bem
que ninguém mo tirou.
Mariana Matias Mateus, 11.º H
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