Memórias – parte quatro



Olho para o relógio e vejo que já passaram umas quantas horas. Realmente, o Sol, em comparação com a sua aparência matinal, parece ter entrado já em decadência. Encaminho-me de volta para aquela fachada majestosa com a sensação de que nunca tinha deixado aquele lugar. Aqueles dois simpáticos pinheiros não me parecem tão estranhos e enterrados no passado como outrora. Olho para o chão e contemplo uma buganvília, tão elegante e frágil. Apanho-a e cheiro-a. Mais memórias do passado chegam à minha mente. Era uma criança tão pândega naquele lugar!...
Estou prestes a atravessar aquele arco, quando uma pinha se deixa cair. Ao vê-la ali, tão solitária naquele chão desalinhado, emociono-me. Não. Não vou voltar a deixar aquele sítio tão especial abandonado. Como poderia eu deixar para trás um lugar que me tem ali? Eu sou aquele lugar. Estou “presa” numa prisão feliz. Abandoná-lo seria abandonar-me a mim mesma.
«Quando me sentir perdida ou desiludida com o mundo, é aqui que devo vir.» penso eu. «Só para ser ingénua mais uma vez.»


Mariana Matias Mateus, 11.º H

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