Outros tempos…





Creio que gostamos de pensar que vivemos na época errada (quem pensa, de todo, sobre o assunto). Talvez para encobrir o facto de sentirmos que o presente não nos sorri. Como uma “desculpa” acordada com o nosso subconsciente, para não nos confrontarmos com a deceção que é o tempo em que vivemos.
No meu caso… Bem, espero que não seja nada disto (nunca conhecemos verdadeiramente o nosso subconsciente). Os livros têm aquele poder maravilhoso de nos porem a viajar sem sairmos do nosso lugar (quantas vezes não fui eu a Inglaterra sentadinha no sofá, numa tarde friorenta de outono?). Este meu pensamento deriva de uma dessas tardes de outono. Nos romances de Flaubert, tudo me parece tão genuíno: ver o amor descrito daquela forma deixa-me arrasada. Como é possível pôr as coisas naqueles termos? Sinto que é quase humanamente impossível algo tão lírico e belo. Os sentimentos são expressados de forma tão sensível…
A vivacidade com que as personagens e as suas opiniões são descritas é, também, fortíssima nas obras dos escritores do século XIX (e nos clássicos em geral). Ao ler Os Maias, penso «Como gostaria eu de ter privado com João da Ega ou Carlos da Maia! O quanto gostaria eu de expressar o ódio que sinto pelo Dâmaso!». Ao ler Jane Eyre, imagino o deleite que seria ter sido amiga de Charlotte Brontë; ao acabar a viagem arrebatadora que é ler Grandes Esperanças, o Pip parece-me o companheiro de brincadeiras predileto da minha infância.
Acabamos por ficar intrigados com estes tempos que já lá vão. Não só pelas personagens, como também pelo meio em que elas vivem. É-me tudo tão atrativo! Enquanto espero pela invenção de uma máquina do tempo, fico-me pelos livros… Eu cá não me importo.


Mariana Matias Mateus, 11.º H

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