Vento


Sonhei contigo a noite passada.
Eras tu e somente tu naquela multidão imensa.
O teu olhar controlou-me.
Com a tua presença eu dispersei.
Senti-me como o vento.
Não me viste, e estavas de tal forma protegido que não me sentiste, mas eu...
Eu senti-te.
Deixei que a minha alma atravessasse a tua e no teu encanto deixei-me abstrair.
Segui-te; segui os teus passos.
Tinham um som pesado, mas a sensação que produziam assemelhava-se a uma nuvem.
Continuei a seguir-te, pois tu e somente tu me controlavas.
Segui-te sem destino; era para lá que te dirigias.
Segui-te sem destino; a minha orientação tinha-se desvanecido.
Parei.
Tu paraste.
Ali estavas tu; tu e somente tu em frente a mim, a controlar-me com o teu olhar, a dispersar-me com a tua presença.
Éramos nós e somente nós.
Tu sentiste-me, atravessaste a minha alma, mas eu...
Eu era apenas o vento e somente o teu vento.
E tu, naquela imensa multidão, desapareceste.
E eu?

Ali continuei, a atravessar corpos na esperança de me abstrair do teu. 

Catarina Carvalho, 11.º H

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