O segredo




“Consegues guardar um segredo?” - sussurrou-me ela com o seu ar sério e assustado.

Respondi um sim por impulso e porque não sabia o que aquele mesmo sim podia vir a significar na minha vida e como iria virá-la do avesso. Às vezes penso como uma simples palavra é capaz de mudar o rumo da nossa história, pergunto-me como fui capaz de ser tão imaturo, ingénuo e inconsciente do poder que um compromisso acarreta.

Subestimei o peso de uma promessa, julgava ser capaz de continuar a minha vida rotineira e simples, mas estava enganado. Perdi a leveza e paz que tinha em mim, descobri que nunca as devia ter tomado como garantidas. Mas como é que era suposto eu saber que afinal El Rei Sebastião ainda estava vivo?

Sabia lá eu que eu teria de jurar, pela minha vida, que nunca poderia partilhar com ninguém este facto tão incrível e, ao mesmo tempo, irreal.

Sinto que carrego em mim todo um povo, um antigo desejo, uma velha e já por muitos esquecida esperança de que o rei voltasse. Considero injusto ser o único que sabe deste segredo, agora que ela morreu. Ela, a única pessoa com quem eu podia falar sobre este segredo fantástico, esta prisão insuportável em que me encontro.

Catarina Quintas, 12.º K

 

Comentários

Anónimo disse…
Parabéns!! Achei a referencia histórica a D. sebastião uma maneira interessante de representar a prisão insuportável do sujeito. Muito bem!

Mensagens populares