Refúgio

 



A escrita é o refúgio da nuvem que é a minha mente. Olho à minha volta e vejo um mundo perdido, as pessoas confusas, está tudo circunscrito a uma grande bola de neve, da qual ninguém escapa.

            A cidade leva as pessoas à rotina, à repetição. Os cidadãos de Lisboa são pequenos ratos, na sua gaiola, que rodam, infinitamente, sem sair do mesmo lugar. A mágoa é o sentimento que tenho, ao reparar que não há evolução, parece-me que o mundo parou. É engraçado dizerem: “Os jovens são a salvação!”; mas, se nos empurram, constantemente, para a mesma roda, como é que vamos mudar o mundo?

            É tudo tão fechado, somos seres que precisam de se conectar, mas estamos sempre sozinhos, isolados, cada um na sua gaiola, com os seus problemas e preocupações, que se tornam sempre maiores, porque não há ninguém que se consiga livrar deles.

            Assim, escrevo para mim, para me tentar livrar da minha gaiola, fugir dela e não me consumir pela depressão, que a sociedade nos impõe. Sou sincera para o papel, porque quero saltar para fora da caixa, porque tudo se torna mais bonito ao escrever, as coisas tornam-se reais por estar a colocá-las no papel, consigo refletir e saber o que fazer para sair da prisão que é esta gaiola, mas, ao mesmo tempo, a solidão não vai embora, porque não há ninguém.

 

Maria Inês Sousa, 12.º K

 


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