O Nativo Da Ilha I
Alfredo da Costa era um político, já de uma certa idade. Não era muito honesto, pois aceitava subornos em troca de favores, e não sentia remorsos por isso.
No alto dos seus sessenta e cinco anos, e com os lucros da sua corrupção, decidiu fazer uma viagem às ilhas Fiji, para descontrair e descansar. Também decidiu que iria sozinho, pois não era um homem de família, não queria suportar as queixas da mulher, nem as “birras” dos filhos nem dos netos. Tendo isto em conta, despediu-se de Fernanda, sua esposa, e de Sónia, a sua amante de vinte e três anos, e partiu para a sua pequena aventura.
Preparou tudo. O avião, o hotel de cinco estrelas, os passeios guiados, a visita à nova ilha, tudo. Alfredo achava que ia ter as melhores férias de sempre, apesar de achar que o piloto do seu jacto privado era um bocado estranho, mas não deu muita atenção a isso.
Já no seu jacto, Alfredo observava o contraste do azul claro céu com o azul forte do oceano, e achou simplesmente maravilhoso. Conseguia ver as gaivotas a voarem alto e depois a descerem com uma velocidade espantosa, como um relâmpago, e apanharem um peixe com o bico e voltarem a subir com uma graciosidade fantástica.
Enquanto observava as gaivotas, reparou numa nuvem cinzenta a sair de uma das asas que lhe estava a poluir aquela linda paisagem. Quando começou a sentir uma grande turbulência, não conseguia conter aquele pânico que lhe invadia os sentidos. Quando finalmente se conseguiu pôr em pé, dirigiu-se à cabine do piloto, abriu a porta de rompante e gritou aflito:
-Afinal, o que se passa aqui!?
-Haaa…-disse o piloto atrapalhado – Peço imensa desculpa, mas temos de fazer uma aterragem de emergência…
Atordoado, Alfredo acorda desmaiado num areal branco e fino. Tenta levantar-se, mas sem sucesso, então decide sentar-se e observar aquele novo mundo completamente desconhecido e fora dos mapas. Olha para sua direita e vê o seu estimado jacto despenhado no mesmo areal e a nuvem cinzenta e escura que tinha observado no avião.
Reúne todas as forças que lhe restam e tenta outra vez levantar-se, desta vez com sucesso e repara no oceano intenso que tem pela frente. Avista algumas árvores pelo canto do olho, vira-se e vê uma floresta de árvores tropicais e com espécies desconheci-das.
Ainda a processar todos estes novos acontecimentos, decide ir procurar o piloto. Procura por entre os destroços do avião, mas não havia sinais deste. Decidiu procurar mais longe, percorrendo o areal até se deparar de novo com o avião. Concluiu, então, que se encontrava numa pequena ilha desconhecida…
Ana Carolina Baptista, Escola Secundária de Camões, 10ºE
Comentários