Procuras Obscuras IV




São 25 horas, sim, 25 horas da noite. Neste meu insano mundo, nada tem limites, nem mesmo o acabar do próprio tempo diário. Talvez já cá esteja há milhares de anos, mas o relógio, continua a apontar para as 25 horas, com o passar, de todos os segundos, de todos minutos, de todas as horas, de todos os dias, de todos, todos os anos, sempre, sempre, e sempre, serão 25 horas. Passa hoje ,“algum tempo”, desde que lutei comigo mesmo, com a minha felicidade, fui enganado, desprezado, e pisado, não por outro, mas sim por mim mesmo. Após o desaparecimento do único pedaço de luz, que havia alguma vez existido neste mundo, o que iluminara tão bela árvore, tudo mudou. Deixei-me levar, pelos encantos criado pelo meu complexo cérebro. Porque tanto eu imagino? Porque tanto sorrio eu, se nem feliz sou? Vejo as carentes expressões, de todos os outros, que me rodeiam, e invejo-os. Não necessitam de jogos psicológicos para encontrarem a sua felicidade, não desmentem, o que realmente são, a sua simplicidade é tão extrema, quanto o facto dos dias acabarem às 24 horas. Há exactamente “algum tempo”, uma floresta iluminou-se, eu, pensei que fosse o meu refúgio, pensei que fosse aquela que me abraçaria, após um dia mau, aquela que me apoiaria, quando não soubesse o que fazer, aquela que me levantaria, quando estivesse deitado, deitado no chão molhado, entristecido com as minhas perguntas. Mas não, claro que não, quão idiota fui eu, em acreditar nisso? É impossível expressá-lo por palavras, mas seria capaz de invocar as leis dos enforcados, para me tentar explicar. Estas leis, de maneira simples, e sumária, dizem que: Ninguém é feliz, mas apenas os mais complexos seres, entendem a sua ignorância, e tristeza. A razão do nome, “leis dos enforcados”, deve-se ao facto, de quem as escreveu, os três mais inteligentes e complexos seres, alguma vez conhecidos, neste meu mundo, terem estado milhares de milhões de anos, a procurar a resposta, para a perguntar, que, agora, me cabe a mim responder. Existirá felicidade? Após imenso tempo à sua procura, os três seres, enforcaram-se, nas três mais negras árvores, de toda a floresta, e lá permanecerão, até que alguém encontre a resposta. Eu. Desde jovem, que segui, e tentei entender estas leis, e, há exactamente “algum tempo”, tropecei na minha sabedoria. Pensei ter sido traído pela luz, que iluminava a floresta, mas não, fui traído por mim mesmo. Estive, e estou até agora, a tentar entender como me pude descuidar. Acredito que, a única maneira de saber, será: Irei aproximar-me da mais alta árvore, de toda esta imensa floresta, passarei dias, e dias a subi-la, e depois, depois sentar-me-ei no mais alto galho, que lá existir. Lá, continuarei, sentado, todo, todo o tempo necessário, para que aquela luz volte, e me ilumine. Pois, eu não quero ser um complexo enforcado, quero ser um simples feliz.

Telmo Felgueira, Escola Secundária de Camões, 10ºE

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