Sem título
Um
fogo brilhante surgiu dos abundantes braços dos carvalhos. Pequenas e numerosas
chamas piscavam na brisa fresca que circulava entre as árvores. Tons de laranja
e castanho deflagravam nas chamas douradas e carmesim. Esta vibrante expressão
de vitalidade parecia rir-se na cara do tempo que piorava e anunciava a chegada
do inverno. Iradamente, a Mãe Natureza bombardeava as extravagantes árvores com
ventos ferozes, chuvas incessantes e arrepios gélidos. A sua exibição
contrastava com um país das maravilhas invernoso.
As
árvores aguentaram-se o máximo de tempo que conseguiram, até as cores das suas
chamas começarem a escurecer e a deixar de existir. Uma por uma, as cinzas
caíam das árvores, à medida que as suas chamas diminuíam. Tornavam-se manchas
na névoa do que outrora fora o seu incêndio gritante. Os carvalhos sabiam que
estava na hora e recuavam para o seu longo sono. A Mãe Natureza conseguia
sempre o que queria. Estas chamas rebeldes eram uma mera forma de fazer os
carvalhos sentirem-se novamente jovens, para fugirem da morte enquanto podiam.
Nos meses invernosos, já depois das árvores terem adormecido, havia ainda
pequenas faíscas a dançar no vento. Podem ter deixado a Mãe Natureza ganhar,
mas mantinham as suas esperanças, sonhos e memórias, mesmo na amargura do inverno.
Mariana Negrão, 12.º H
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