Tempos de mudança
Não creio que
me possa considerar como uma defensora incondicional do Feminismo, porém, sou,
sem dúvida, defensora da igualdade de géneros, e como tal sinto necessidade de
partilhar um pensamento com o leitor.
Os meus pais
tiveram dois filhos: um menino e uma menina, ou seja, o meu irmão e eu. Um
casa. Quer isto dizer que desde muito nova estou habituada a ouvir por parte
dos mais idosos frases como: “Um casal! Que bonito!” ou “Um casal! Que
engraçado!”. A verdade é que ainda hoje oiço isto várias vezes, é quase como se
fosse obrigatório isto dizer-se, e, o que é realmente curioso é que é sempre dito
pelas mulheres, as mais idosas que foram criadas como manda a tradição, em
tempos em que não iam á escola e aprendiam apenas os trabalhos de uma vida
caseira, como, por exemplo, cozinhar, cuidar dos filhos e a lida da casa. Era
como uma regra: O lugar da mulher é em casa, a cuidar dos filhos e a satisfazer
o marido. Eu nunca assisti a isto diretamente, na medida em que a minha idade
não permite, mas sei que esta foi a situação em que viveu a minha avó, e sei
porque em várias conversas que tivemos isto se refletia. Lembro-me de uma em
especial em que ela perguntou ao meu irmão o que estava ele a estudar e ele
respondeu: “Cozinha”. Muito ela contestou, “Mas isso não tem saída, meu filho.
Devias era ir para médico.” Disse ela, até que viu a sua batalha perdida e
passou à neta, isto quer dizer, a mim. Estava condenada, se em cozinha não
haveria emprego, como seria em artes? Para meu espanto, quando a informei do percurso
que tinha dado aos meus estudos ela apenas disse “Está bem.”. “Está bem.”?
Se calhar deveria ter ficado descansada, ela não me aborreceu, mas apercebi-me que
ela esperava que também eu me tornasse uma típica dona de casa. Não fiquei
aborrecida, pois foi assim que ela foi educada, fiquei apenas desiludida com o
que um dia a nossa sociedade fora, e grata pelo que se está a tornar.
Se formos a
ver, apesar de ainda hoje os nossos pais nos influenciarem para estudarmos
medicina, não impõem já estas limitações para as mulheres. Assim sendo, basta
olharmos para a nossa geração e apercebemo-nos que também esta já não se deixa
influenciar por convenções. Como se costuma dizer, mudam-se os tempo, mudam-se
as vontades.
Mariana Almeida, 12.º F
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