Perspetiva





   Aqui estou eu. Chegou a minha vez.

   Estou de pé, perpendicular à secretária que se encontra à minha frente.

 Diante de mim, vejo olhos. Olhares fixados, entediados pela espera. Olhares cansados, sem esperança. Esperam pela repetição, pois  surpresa tornou-se algo mítico.

   A sua respiração é leve. Inspiram e expiram por necessidade. Transparecem a ideia de um esforço inconsciente, desperto por um batimento sereno.

   Bloqueiam a sua expressão. Impedem a demonstração da existência de uma alma. Sentem-se obrigados a estar ali, e esse pensamento assalta-lhes a esperança.

   De repente, algo é descodificado.

   E quando dou por mim, acabou a minha vez.



Catarina Carvalho, 12.º H

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