Perspetiva
Aqui estou
eu. Chegou a minha vez.
Estou de
pé, perpendicular à secretária que se encontra à minha frente.
Diante de
mim, vejo olhos. Olhares fixados, entediados pela espera. Olhares cansados, sem
esperança. Esperam pela repetição, pois
surpresa tornou-se algo mítico.
A sua
respiração é leve. Inspiram e expiram por necessidade. Transparecem a ideia de
um esforço inconsciente, desperto por um batimento sereno.
Bloqueiam a
sua expressão. Impedem a demonstração da existência de uma alma. Sentem-se
obrigados a estar ali, e esse pensamento assalta-lhes a esperança.
De repente,
algo é descodificado.
E quando
dou por mim, acabou a minha vez.
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