Um dia sonhei, e a minha consciência falou...
Pega numa folha de papel branco. Pode ter linhas, não te preocupes. Escolhe uma caneta, mas sem nada desenhado. Uma caneta preta por fora e com tinta azul. Não queria que te distraísses com nada, se pudesse ser, se não te importasses. Toda a atenção centrada no que vou escrever pelas tuas letras, pelas tuas palavras.
Pensa no vazio, uma imensidão de negro, e de nada. O maior silêncio de sempre, o maior que alguma vez ouviras. No entanto, surge uma enorme luz e quando pensas que finalmente vais descobrir o porquê de tudo aquilo…acordas. Vês que não passou tudo de um sonho.
Foram tantas as vezes, que quis que fosse tudo, apenas um sonho. Tantas as vezes que acordei a pensar se estava realmente a acordar, ou se onde me encontrava era apenas uma realidade fictícia. Até hoje não cheguei a nenhuma conclusão, continuo sem saber em que “mundo” estou. Apesar de me ter apercebido que sou a única a pensar assim, logo, presumo que isso faz de mim uma estranha nesta sociedade onde estou inserida. Vejo diariamente milhões de pessoas, cada uma com a sua vida, nas suas rotinas, e penso que muitas delas desconhecem por completo o conceito de felicidade. Tantos problemas, tantas reviravoltas, contratempos, fica sempre tanto por esclarecer. Serão elas também estranhas para a sociedade, ou isto é apenas um ponto de vista meu? Humanos que se encontram vazios, na escuridão, e querem apenas acordarem. De certa forma querem voltar a dar azo à esperança que, por vezes, ficou enterrada há tanto tempo.
Agora que vês que não é um sonho, que o que sentes não é nada mais do que a realidade. A dura realidade que todos um dia temos de enfrentar. Vês que a folha, que tens perante ti, é apenas isso, uma folha branca com linhas azuis escuras. Onde escreveste tanto de ti, pois tudo o que aí está é uma reflexão do que pensas, mais um pedaço de ti. Já deixaste tantos por aí perdidos.
Pois sempre avistaste essa escuridão e esforçaste-te para que ela não se chegasse a manifestar. E conseguiste, em imensas ocasiões. No entanto, como sabes, nada se consegue permanentemente, a menos que sejamos objectos. E como já deves ter percebido, tudo isto, toda esta questão, trata de pessoas, trata de ti.
Tens de acordar mesmo, e perceber que apesar de ser realidade, isto que estás a viver, não podes passar o tempo que te resta a viveres dessa maneira. Sem planos, sem destino.
Foram estas as últimas palavras que ouvi, levantei-me num pulo, e constatei que aquele tinha sido o sonho mais estranho que tivera. Uma espécie de dilema entre mim e a minha consciência. Tinha demonstrado uma capacidade que nunca soubera que possuía. No entanto, fiquei contente, uma sensação de leveza percorreu-me e aterrou no meu peito. Compreendo agora, vi a tal luz e estava mais do que acordada. Não, não era um sonho, e eu… sim, estava pronta para viver a minha vida.
Ana Marta Santos, Escola Secundária de Camões, 10ºH
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