Insatisfação
Uma insatisfação involuntária que me agride até às vísceras…
neste mundo de papel, que já não me alimenta, não me apraz, não me sustenta nem
satisfaz, neste nada em que existo, resisto e sobrevivo. A alma, essa dói, se é
que a sinto, se é que existe, se é que ainda sinto dor, nem sei... Não sei se
sinto ou estou fria, vazia, insatisfeita, de vida vazia, vida desfeita. Quero,
sinto, desejo, mas tudo desaparece, num suspiro, como um beijo, último e
derradeiro, que te prende e desfaz. Agora, com ou sem sentido, já não sou...
é-me igual.
Mas quero, quero ser, quero sentir,
quero desejar, por mais do que meros instantes. Uma alma cheia,
que exista e não doa, que sinta e viva, mais do que apenas sobreviva. Farta da
insatisfação que me preenche e me esvazia, não me aquece, só fere e me afasta
de tudo aquilo que eu não quero perder. Querer é poder, e eu sei que quero...
Larga-me e deixa-me voar, deixa-me sentir, sofrer e amar. Liberta-me deste
sufoco, quero existir e não duvidar, quero ser livre. Mas tu, insatisfação, tu
persistes e resistes a todas as minhas tentativas vorazes de fuga. Eu vou
escapar de ti, mas, até lá, vou manter a esperança em conseguir viver sem te
perder.
Sofia
Rodrigues, 11.º K
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